O
DIA DA MORTE DE CRISTO
Introdução:
Em que dia morreu e ressuscitou Jesus Cristo? Para a maioria dos
cristãos a resposta à esta pergunta é: “morreu na sexta-feira e
ressuscitou no domingo de Páscoa”. Porém não é tão simples
assim. Examinando as Escrituras encontraremos a verdade sobre o dia
da morte de Jesus na cruz. O presente estudo tem como objetivo
examinar uma série de textos bíblicos que o farão entender melhor
os fatos que envolveram a pessoa de Cristo com relação à sua morte
e ressurreição.
1
- PÁSCOA : SUA RELAÇÃO COM A MORETE DE CRISTO
Há
uma estreita relação entre a antiga Páscoa judaica e a morte de
Cristo. E não se pode analisar os fatos que culminaram com Sua morte
sem se levar em conta a relação existente entre ela e a Páscoa que
lhe serviu de sombra (Cl. 2.17).
1
– A instituição da Páscoa (Êx. 12:1-14; Dt. 16:6,16; Nm.
28:17,18). A Páscoa era
celebrada no dia 14 de Abibe, que mais tarde tornou-se conhecido como
mês de Nisã. Este era o primeiro mês do calendário hebraico (o
que corresponde a março/abril do calendário atual). A data da
Páscoa era fixa, diferindo da Páscoa comemorava a libertação do
cativeiro efípcio. O cordeiro escolhido, para esse jantar familiar,
deveria ser separado no dia 10 e imolado no dia 14, no crepúsculo da
tarde. O décimo quinto dia, o primeiro dia eram os dias dos pães
ázimos (sem fermento); e no vigésimo segundo dia, observava-se um
novo repouso (Lv. 23:8).
2
– Os elementos da Páscoa (Êx. 12.5).
O cordeiro, a ser morto na ocasião da Páscoa, deveria ter um ano de
idade e ser perfeito. Essa exigência de Cristo, o Filho de Deus (Jo.
1:29). Ainda havia naquela composição: pão asmo e ervas amargas. O
pão da Páscoa precisava ser asmo ou ázimo, isto é, sem fermendo,
e não podia haver nenhum traça de impureza, significada pelo
fermento (êx. 12:18-20), poi prefigurava o Cristo (também sem
pecado); e as ervas amargosas os sofrimentos de Israel, e o
ministério de Jesus com sua aflições (Jo. 19:17).
3
– A morte de Jesus e sua relação com a Páscoa (I co. 5:7).
Jesus, como o cordeiro de Deus, é a nossa Páscoa e comemora a
libertação da escravidão do pecado. Relacionada ao ministério
público de Jesus, a Páscoa é algo determinante que faz, coincidir,
também, no mesmo dia e hora da morte de Jesus. O cordeiro da Páscoa
era imolado à tarde do décimo quarto dia de Nisã e comigo depois
ao pôr-do-sol. Da mesma forma que o cordeiro pascal lembra a
salvação da escravidão do Egito. Cristo, o cordeiro pascal, lembra
a salvação do pecado.
II
– A DETERMINAÇÃO DA TADA DA MORTE DE JESUS
Vamos
agora descobrir o ano da crucificação de Jesus, tendo já
descoberto que o dia da Sua morte se deu no dia 14 de Abibe, quando
se comemorava a Páscoa.
1
– A profecia de Daniel (Dn. 9:24-27). O
anjo explicou a Daniel que passaria 69 semanas proféticas desde a
saída da ordem de restaurar e edificar Jerusalém até ao Messias, o
Príncipe. Na profecia de Daniel, a palavra semana, segundo se
entende no contexto, significam 7 anos. Tomando isso por base,
faremos o cálculo para saber o tempo em que apareceria o Messias.
Segundo as Escrituras, desde que se deu a ordem para a restauração
de Jerusalém nos dias do rei Artaxerxes, que foi no ano 457 a.C.
(Ne. 2:1), até o dia quando chegasse o Messias, passariam 483 anos
(69x7 = 483 -457=26). Este tempo cumpriu-se literalmente no batismo
de Jesus, quando João o batizou no rio Jordão, iniciando, assim o
seu ministério no outono do ano 27 d.C. Segundo a profecia, O
Príncipe seria tirado (morto) no meio da septuagésima semana
profética, ou seja, três anos e meio depois do concerto, que se deu
no ano 31 d.C.
2
– O Ano da Sua morte (Lc. 3:1-3). Lucas
declara que João Batista começou a batizar no décimo quinto ano de
reinado de Tibério César, o imperador romano, Isso ocorreu 15 anos
após o batismo de Jesus, que se deu no ano 27 d.C., somos
transportado ao ano 31 d.C. Sendo assim, temos o ano 31 como sendo o
ano da morte de Cristo.
3
– O sinal da sua morte (Mt. 12:40). Há
três palavras gregas para designar milagres: a) “teras”, coisa
maravilhosa; b) “dunamis”, poder maravilhoso; c)”semeion”,
uma prova ou sinal sobrenatural. Os judeus pediram um sinal para
Jesus. Para confirmar a obra de Jesus, haveria o maior prodígio de
todos. O tempo de permanência na sepultura foi dado por Jesus como o
sinal da Sua messianidade. Esse tempo seria, segundo Jesus, de três
dias e três noites. A analogia a Jonas serviu ao propósito de Jesus
para apontar para Sua ressurreição.
III
– O MINISTÉRIO DA ÚLTIMA SEMANA
Um
cuidadoso exame dos textos bíblicos vai mostrar com suficiente
clareza onde Jesus esteve em casa um dos dias da última semana de
Seu ministério terreno. Entretando, é oportuno esclarecer que os
acontecimentos narrados nos evangelhos não obedecem a nenhuma ordem
cronológica. A despeito disto, porém, é possível ordenar-se boa
parte dos acontecimentos, inclusive porque a maioria ocorreu durante
a última semana.
1
– Sexta-feira anterior à morte (Jo. 12:1; Lc. 13:22).
Jesus saiu de Efraim e se dirigiu para Betânia. Isso ocorreu 6 dias
antes da comemoração da Páscoa dos judeus. Isto significa que a
referido saída ocorreu no dia 9. O percurso entre Efraim e Betânia
não poderia ser feito senão em um dia comum de trabalho, em razão
da distância, cerca de vinte quilômetros.
2
– Sábado anterior à morte (Lc. 13:10, 31-33; 14:1; 18:31-34;
19:1-5). Jesus ensina numa
sinagoga. Neste mesmo dia vamos encontrá-lo participando de um
banquete. De acordo com o costume judaico, o Senhor não teria
prosseguido com Sua viagem no Sábado. No final daquele Sábado,
Jesus foi informado de que Herodes procurava ocasião para matá-lo,
e isso fez com que se retirasse dali com Seus discípulos para Jericó
(Mc. 10:46,51-52). Porém, antes de sair, mandou dizer a Herodes que
tinha uma agenda a ser cumprida, abrangendo três dias de intensa
atividade e que só depois disso, seria consumado. Naquela noite,
Jesus pousou na casa de Zaqueu, em Jericó.
3
– Primeiro dia da semana anterior à morte (Mt. 20:29;21:1-11).
Pela manhã do primeiro dia da semana, Jesus juntou-se à uma
caravana de peregrinos vindo da região da Peréia, dalém do Jordão,
e com eles entrou em Jerusalém, montado em um jumentinho. Nesse
mesmo dia expulsou os cambistas do templo (Lc. 19:45,46). À noite,
retirou-se para Betânia, onde pousou (Mc. 11:11). Chegaba ao fim o
primeiro dia da sua agenda de trabalhos mencionada em Lucas 13.31-33.
4
– Segunda-feira anterior à morte (Mt. 26:1, 14-16, 22). Jesus
voltou à Jerusalém na manhã de Segunda-feira, dia 12 de Abibe,
indo ao templo, onde ficou ensinando (os ensinos são os que estão
em Mateus 21:23 a 25:46). Mateus registra que “daqui a dois dias é
a Páscoa...”, E ele ainda acrescentar que é nesse dia que “o
Filho do homem será entregue para ser crucificado”. Isto iria
ocorrer no dia 14 de Abibe, num Quarta-feira, o último dos 6 dias de
João 12.1 e também o último dos 3 dias mencionados em Lucas. Ainda
nesse mesmo dia Judas procurou o príncipe dos sacerdotes para
combinar o preço da traição.
5
– Terça-feira anterior à morte (Lc. 22:17-19).
Ao pôr-do-sol daquele dia Jesus mandou preparar o local dos
preparativos da Páscoa que seria comido ao entardecer do dia 14,
Jesus, porém, antecipou para a noite do dia 13 (Terça-feira),
comendo assim a Páscoa com seus discípulos uma noite antes do
normal. Depois levantou-se da mesa e lavou-lhes os pés (Jo. 13:1-17)
e instituiu a Santa Ceia (Mt. 26:26-29). Logo após anunciou a
traição dando um bocado de pão a Judas que saiu para chamar os
soldados, “e era já noite” (Jo. 13:30). Jesus deu as últimas
instruções aos Seus discípulos (Jo. 13.31 a 17:26). Depois saiu
com eles para além do ribeiro de Cedrom, onde havia um horto “e
Judas, que o traia, também conhecia aquele lugar” (Jo. 18.1,2).
Logo após, Judas, que o traia, também “a coorte e oficiais dos
principais sacerdotes e fariseus, veio ali com lanternas, tochas e
armas” para prenderem a Jesus. Os discípulos fogem, deixando Jesus
sozinho. Ainda nessa mesma noite, Ele foi levado perante Anás (Jo.
18:3,12,13).
IV
- O DIA DA MORTE E RESSURREIÇÃO DE JESUS
já
pudemos observar que a última Páscoa comemorada por Jesus ocorreu
no ano 31 d.C., e o cordeiro pascal, segunda as Escrituras, devia
morrer exatamente no dia 14 do mês de Abibe. Vejamos agora em que
dia ocorreu a morde do nosso Salvador.
1
– O dia da sua morte (Lc.
22:66-71; 23:6-12; Jo. 18:39,40). Cedo, de manhã, na Quarta-feira,
dia 14 de Abibe, Jesus foi levado da casa de Caifás para a audiência
com Pilatos. Antes, passou pelo julgamento formal diante do Sinédrio.
Pilatos enviou Jesus a Herodes. Herodes enviou Jesus novamente a
Pilatos, que soltou a Barrabás. (Mt. 27:15,16,26). Jesus é coroado,
espancado e forçado a levar a cruz até monte do Gólgota, onde é
crucificado entre dois ladrões (Mt. 27.27-38), e desde a hora sexta
(meio-dia) até a hora nona (três horas após meio dia) houve
trevas. Houve um grande terremoto e o véu do templo se rasgou em
duas partes (Mt. 27:45,51). À hora nona Jesus expirou, e caindo a
tarde, José de Arimatéia foi ter com Pilatos para pedir o corpo de
Jesus. A segior, com Nicodemos, prepararam o corpo para o
sepultamento (Mt. 27:57-60; Jo. 19:38-42), e o sepultaram num
sepulcro novo, o pôr-do-sol. A partir daqui começam “os três
dias e três noites”.
2
– A preparação dos Judeus (Mt. 27:62). Sendo Jesus crucificado na
Quarta-feira o dia imediato, Quinta-feira, era o dia chamado “o
grande Sábado”(feriado judaico, Jo. 19.31); era o dia 15 de Abibe
ou Nisã, o primeiro dia após o sacrifício do cordeiro pascoal.
Este dia da preparação não era a Sexta-feira, mas sim o prepara
dos judeus para a pascoa (Mt. 26:1-5; Mc. 14:1,2). Esse é o motivo
de Mateus não ter usado o termo “Sábado”, para não ser
confundido com esse dia.
3
– O dia da ressurreição (Mt. 28.1). Mateus registra que “no
findar do Sábado, quando já despontava o primeiro dia da semana”.
As mulheres foram ver o sepulcro de Jesus. É importante notar que
o dia hebraico termina no pôr-do-sol. Portanto, fica evidente que
Jesus ressuscitou no pôr-do-sol do Sábado, e não no Domingo de
manhã, como é ensinado por muitos. A ressurreição de Jesus teria
de se dar no Sábado, ao pôr-do-sol, no momento exato quando se
completariam os três dias e as três noites – no seio da terra.
Relembremos aqui o tempo: Jesus passou na Sexta na sepultura, as
noites de: Quarta para Quinta: de Quinta para Sexta e Sábado = três
noites; passou os dias de: Quinta, Sexta e Sábado o dia todo até o
momento da ressurreição, no findar do dia, segundo as Escrituras =
três dias. Portanto, “Três dias e três noites” .
V
– A HARMONIA DOS EVANGELHOS
Há
textos que se apresentam como forte objeção ao assunto; porém, o
estudo dos mesmos ajuda a entender essas coisas. Quanto comparadas
uns com os outros: a causa justa aparece. Vejamos como se harmonizam
os evangelhos.
1
– A preparação das mulheres (Mc. 16:1,2; Lc. 23.53-56). Lucas
registra a preparação das mulheres antes do Sábado e Marcos depois
do Sábado. Como se explica isso? É importante lembrar que aquela
semana teve dois sábados: O Sábado pascal e o sétimo dia. O Sábado
pascaal era comemorado no dia 15 de Abibe (não importava o dia da
semana em que caísse). Neste dia era feira a “santa convocação”
(Lv. 23.6,7). Assim fica claro que as mulheres compraram as
especiarias na Sexta-feira daquela semana, e que o escritor Marcos
faz referência ao Sábado pascal, o qual ocorreu numa Quinta-feira,
enquanto Lucas menciona o Sábado do sétimo dia da semana.
2
– A ressurreição no primeiro dia da semana (Mc. 16.9). A Bíblia,
quando foi escrita, não tinha divisões de capítulos e versículos,
como tem agora, tampouco, a pontuação, pois os textos eram escritos
à mão e em ordem seguinda, mesmo sem separação de palavras. Por
conseguinte, a vírgula que aparece logo após a palavra “semana”
não foi colocada por Marcos. Porém quanto a pontuação entrou em
vigor, foi colocada de acordo com o pensamneto da ressurreição no
primeiro dia da semana. Entretanto, o texto precisa ser lido com a
pontuação da seguinte maneira: “E tendo Jesus ressuscitado, na
manhã do primeiro dia da semana, apareceu primeramente a Maria
Madalena, do qual tinha expulsado sete demônios”. A referência do
primeiro dia é então ao encontro de Jesus com Maria e não à
ressurreição.
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