terça-feira, 19 de julho de 2011

Sábado

LUCAS 16:16
Esse texto afirma que a lei de Deus vigorou apenas até a vinda de João Batista?


TEXTO BÁSICO:
A lei e os profetas duraram até João; desde então é anunciado o reino de Deus, e todo homem emprega força para entrar nele (Lc 16:16)

INTRODUÇÃO:
É fato que a maioria das discussões cristãs sobre a lei de Deus é marcada por extremos: de um lado, os legalistas (a favor da lei) afiram que a salvação é conseguida sem a guarda dos mandamentos. De seu lado, o legalismo enaltece a lei e despreza a graça; por sua vez, o antinomismo enaltece a graça e despreza a lei. Nos extremos em que se colocaram ambas as visões estão afastadas da verdade do evangelho de Cristo.
A Igreja do Senhor Jesus não pode se posicionar por nenhum desses extremos, ela deve buscar compreender corretamente esses pontos que fazem parte dos fundamentos da salvação. Por essa razão, é necessário deixar as paixões de lado e assumir a posição de equilíbrio que a Bíblia apresenta, isto é, que a salvação é adquirida única e exclusivamente pela graça de Deus, através da fé em Jesus Cristo (At. 15:11; Rm 5:15;, 11:6; Ef 2:1-10; Hb 2:9), mas que é um no que Lucas contava o dia: como os judeus (a partir do pôr do sol), observa o mesmo Stott. A NTLH optou pelo sábado a noite: No sábado à noite nós nos reunimos com os irmãos para partir o pão. Paulo falou nessa reunião e continuou falando até a meia noite, pois ia viajar no dia seguinte.
No texto grego, porém, não existe nenhuma expressão que possa ser traduzida no “primeiro dia da semana”. No Novo Testamento Interlinear, que traduz, rigorosamente, palavra por palavra, do grego para o nosso idioma, o versículo encontra-se traduzido da seguinte maneira:
Em, porém, o um dos sábados tendo conduzido junto nós quebrar pão, o Paulo discursava-lhe, estando para ir-se de no sobre a manhã, estendeu ao lado a palavra até meia noite.
Uma tradução correta desse texto seria: No sábado, estando nós reunidos com o fim de partir o pão, Paulo, que devia seguir viagem no dia imediato, exortava-os. Seguindo essa tradução, concluímos que o culto em Trôade começou durante o sábado, isto é, antes do pôr do sol, e não no domingo a noite, e prolongou-se até meia noite.
Um outro fato grave que a tradução do Novo Testamento Interlinear deixa claro é que as versões RA e RC traduziram erroneamente o versículo. A NTLH seria perfeita, se não tivesse acrescentado, por conta própria, o “à noite”, logo depois da expressão “No sábado”. Obviamente, esses problemas de tradução são produtos de ignorância ou descuido, pois os que fazem parte das equipes de tradução – que são contra a observância do sábado, como o dia de adoração e descanso – dominam mais que qualquer outra pessoa, a língua grega.
Ainda há uma outra questão que merece explicação. Trata-se da expressão “partir do pão” que é usada, como vimos no comentário anterior, como referência a Santa Ceia do Senhor, Esta expressão era usada, naqueles dias, para se referir uma refeição comum (At 2:46). Pelo avanço da hora, naquela noite parece os mais tratar-se realmente de uma refeição comum.
Dois outros textos paralelos utilizados pelos defensores do domingo como dia de adoração a Deus são Jo 20:26 e I Co 16:2. O primeiro texto diz: Passaram oito dias, estavam outra vez ali reunidos os seus discípulos, e Tomé, com eles. Estando as portas trancadas, veio Jesus, pôs -se no meio e disse-lhes: Paz seja convosco!
Quem disse que esse texto descreve uma reunião de adoração? O que eles estavam fazendo? Estavam protegendo ou se escondendo dos judeus. O v. 1 deixa isso claro: Ao cair da tarde daquele dia, o primeiro da semana, trancadas as portas da casa onde estavam os discípulos com medo dos judeus, veio Jesus, pôs-se no meio e disse-lhes: Paz seja convosco!
Uma espécie de fobia à santa lei de Deus e procuram reeditar argumentos inconstantes, na vã tentativa de mascarar a verdade, o que é impossível, por que tudo quanto Deus faz durará eternamente; nada se lhe deve acrescentar; e nada se lhe deve tirar (Ec 3:14)

II – A INTERCESSÃO CORRETA
Quando Jesus declarou que a lei e os profetas duraram até João, em hipótese alguma estava afirmando que a lei de Deus e as profecias do Antigo testamento haviam chegado ao fim. Quando analisamos o contexto imediato e amplo, percebemos que, desde 14:7 Lucas apresenta Jesus contando parábola sobre a entrada dos pecadores no Reino de deus. No capitulo 16, Cristo conta a parábola do administrador infiel, para condenar o mau uso das riquezas no seu Reino. Os fariseus murmuravam contra essa visão ética de Cristo, por que eles usavam o poder econômico com motivações erradas, isto é, davam esmolas aos pobres para serem bem-vistos pelos homens, seguros de que, agindo assim, estavam cumprindo a Lei e os Profetas e assegurando seu lugar no Reino do Pai. Porém, o Senhor Jesus mostrou que eles estavam enganados sobre a visão que tinham de Deus e de seu Reino (Mt 6:1)
Até aquele momento, os judeus conheciam a Deus através da Lei (especialmente o Pentateuco – Gênesis a Deuteronômio) e dos escritos proféticos. No Antigo Testamento, estavam descritas todas as alianças que Deus fizera com Israel, para que esse povo fosse luz para as nações, a porta de entrada do mundo no Reino de Deus (Is 42:5-7). Mas eles se fecharam num exclusivismo rígido, porque interpretaram sua eleição como uma questão de merecimento, a ponto de odiarem os outros povos. Falharam, quebraram os acordos contidos na Lei: então, Deus Deus levantou ops Profetas para denunciar as falhas de Israel, chamá-lo ao arrependimento e anunciar que faria um novo e definitivo acordo que proporcionaria ao mundo inteiro condições de acesso direto ao reino de Deus, através do Messias.
O período em que Israel teve a oportunidade de ser o instrumento de Deus para para salvar o mundo passou pela Lei (com Moisés), pelas profecias (com os Profetas) e veio até o percursor de Cristo (João Batista) o homem que introduziu a era Messiânica. Foi nesse contexto que Jesus fez a declaração que ora analisamos. Toda a estrutura teológica do Antigo testamento estava a serviço do Messias.
A Nova Tradução na Linguagem de Hoje – NTLH – captou bem o sentido teológico do texto, em Mateus 11:13: Até o tempo de João, todos os Profetas e a Lei de Moisés falavam de um período que estava começando ali, naquele momento com Jesus; é ele mesmo quem explica isso: “Enquanto ainda estava com vocês, eu disse que tinha de acontecer tudo o que estava escrito a meu respeito na Lei de Moisés, nos livros dos Profetas e nos Salmos (Lc 24:44 – NTLH)
Temos outro a favor de que Jesus, ao fazer a declaração, registrada em Lc 16:16, não estava invalidando a lei divina: Ao transpor este texto do grego para o português na tradução Revista e Corrigida da Bíblia, o tradutor fez uma inserção do verbo “durar”, conjugado na terceira pessoa do plural, no pretérito perfeito do indicativo - “duraram” - ou seja, ele acrescentou ao texto essa forma verbal, que não consta nos originais.
Dessa forma, entendemos o versículo assim: A lei e os profetas, que foram dados aos judeus, como instrumentos de salvação para o mundo, servindo como instrumentos divino para a manifestação do reino, e isso durou até João, que preparou o caminho para o Messias, e este, desde então, anuncia e forma definitiva e plena, o reino de Deus (cf Lc 4:43; Mc 1:14-15). Comisso, Cristo não está desprezando a e os Profetas, mas declarando que é superior a todos os instrumentos utilizados até então por seu Pai (a Lei e os Profetas) para conduzir os pecadores ao Reino Celeste. Por isso, afirmou: Eu sou o Caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim (Jo 14:6).
Ele é o Senhor do Reino; a Lei e os Profetas são servos. Com ele, a porta que os judeus haviam fechado para os gentios (cf Lc 13:10-17, 24-30, 15:11-12; Mt 23:13) agora está aberta (Mt 7:8;Jo 10:7-9), e todo homem emprega força para entrar nele (no Reino), istpe é, todos os pecadores precisam ter é exclusiva em Cristo e coragem para vencerem todos os obstáculos, a fim de entrarem no Reino.
Portanto, em Lc 16:16, Jesus não está abolindo a lei de Deus; em vez disso, está afirmando que, até aquele momento, ela era a referência para a entrada no Reino, mas que , a partir de então, ele é a entrada e a lei é o ladrão da qualidade moral e espiritual de vida no Reino (Rm 2:12,14-15; Mc 2:28-31)
É por essa razão que Cristo enaltece a lei, logo no versículo seguinte: Eé mais fácil passar o céu e a terra do que cair um til sequer da lei (Lc 16:17), e, na sequencia, como símbolo de vigência da lei, exige obediência a um dos mandamentos mais quebrados, em todos os tempos: adultério (Lc 16:18). Em outras ocasiões, ele exaltou a lei divina declarando que não veio destruí-la, mas cumpri-la (Mt 5:17); enalteceu os cumpridores da lei, afirmando que serão grandes no reino dos céus (Mt 5:19); também imprimiu mais rigor à lei, quando afirmou que a ofensa ao próximo, constitui o assassinato (Mt 5:21-22) e que o olhar impuro lançado a uma mulher constitui adultério (Mt 5:27-28).
Tivesse a lei de Deus durado somente até João, Cristo não teria mandado o jovem rico guardar os mandamentos (Mt 19:170), não teria exigido obediência dos escribas e fariseus (Mt 23:23) e dos seus discípulos (Jo 14:15,21); Paulo não teria afirmado que os salvos justificados por Deus são aqueles que estão em obediência a seus mandamentos (Rm 2:13), que a obediência à lei é a expressão maior da verdadeira fé (RM 3:31) e que a lei é santa (Rm 7:21). Este apóstolo, fervoroso defensor da salvação pela graça, declarou que tinha prazer na lei, então não há pecado, pois o pecado é a transgressão da lei (Ijo 3:4; Rm 4:15). Por isso é eterna (Sl 78:7-8, 119:96, 160: Is 24:5) , é útil todos os povos (Sl 105:7; Is 51:4).
Todos os escritores do Novo Testamento enaltece a lei de Deus, por que sabiam que ela não perdeu sua utilidade a partir de João (Rm 3:9; I Jo 2:4, 22,24; 5:2-3; II Jo 1:6; Ap 12:17,14:12).

CONCLUSÃO

Chegamos à inevitável conclusão de que as palavras de Jesus, em Lc 16:16 não oferecem base para o desrespeito à lei de Deus. O que o Senhor disse foi que o Antigo testamento (a lei e os profetas) atingiu seu objetivo maior na época de João Batista, o homem que foi movido pelo Espirito Santo para apresentar o Messias ao mundo. A partir de então, Cristo assumiu o comando da salvação da humanidade, e alei passou a agir como orientadora, visando manter os salvos no Reino de Deus, até o regresso do Senhor.
Portanto, não podemos ser antinomista nem legalista, pois cremos que a salvação é pela graça, mediante a fé (Ef 2:6-7) e cremos que o salvo demonstra e desenvolve a salvação através de uma vida de obediência e de boas obras (Mt 3:8, Jo 15:16; Fp 2:12). Reiteremos que a obediência aos mandamentos não é o meio para obtermos a salvação, mas é uma consequência de salvação que nos foi concedida (Hb 5:9; Mt 7:21). Por isso, os Adventista da Promessa não devem ter vergonha de serem defensores da vigência da lei de Deus; antes devem demonstrar sua fé na graça de Cristo, ter prazer em praticar a lei do Senhor (Sl 119:77) e sempre orar: Abre os meus olhos (Senhor) para que eu possa ver as verdades maravilhosas da tua lei (Sl 119:18).

ATOS 20:7
Esse texto afirma que os apóstolos observavam o domingo como dia de adoração?

TEXTO BÁSICO:
No primeiro dia da semana, estando nós reunidos com o fim de partir o pão, Paulo, que havia de seguir viagem no dia imediato, exortava-os e prolongou o discurso até meia noite. (At. 20.7)

INTRODUÇÃO:
Esse é um dos textos bíblicos usados pelos defensores da guarda do primeiro dia da semana, como dia santificado para adoração as Deus. Nesta lição, vamos colocar a posição daqueles que são contrários a observância do sábado como dia de adoração e, depois, a posição que realmente o texto ensina.
O esforço dos escritores de provar a santificação do primeiro dia cai por terra quando analisamos os textos apresentados, nos quais nenhuma ordem expressa se acha declarando ser o primeiro dia separado para o descanso. Nem Jesus, nem os apóstolos fazem qualquer alusão a essa ordenança. Ela se baseia apenas na suposição de que Jesus teria ressuscitado no primeiro dia, tornando-se, daí em diante, dia de guarda.

I ) A INTERPRETAÇÃO INCORRETA:
Muitos escritores declaram que Atos 20:7 é uma evidência conveniente de que a igreja do primeiro século adotava o domingo para a adoração a Deus.
Demétrio provou ser um excelente agitador, pois a resposta dos artesãos foi imediata. O discurso malicioso de Demétrio despertou a história da multidão: ouvindo isto, encheram-se de ira e clamaram, dizendo: Grande é a Diana dos Efésios! E encheu-se de confusão toda a cidade. (Atos 19:28-29).
Eles se encontraram no anfiteatro da cidade e, por duas horas, gritaram: “Grande é a Diana dos Efésios! Se não fosse a habilidade do secretário da prefeitura da cidade, que conseguiu dispersar o ajuntamento popular, o conflito teria acabado em tragédia. (At 19:35-40).
Quando terminou aquela confusão, Paulo chamou os discipulos e lhes deu muitos conselhos. Depois despediu-se deles e seguiu para provincia da Macedônia, região da Europa, ao norte da Grécia. Ele percorreu aquelas terras, fortalecendo os discipulos com muitas exortações. Depois dessas viagens macedônicas. Paulo dirigiu-se para Grécia e, provavelmente Corinto, ele se demorou 3 meses enquanto esperava a estação apropriada para embarcar rumo a Síria. Mas quando estava pronto para viajar, soube que havia uma conspiração por parte dos judeus contra ele. Na ultima hora, Pauilo decidiu alterar o itinerário: determinou voltar pela Macedônia (At 20:2-3).
Paulo viajou para Trôade – porto que ficava a oeste da atual Turquia. Nessa cidade, permaneceu 7 dias. Stott observava que:
Lucas relata apenas um acontecimento durante essa semana em Trôade: o sono, a queda, a morte e a ressurreição dramatica de um jovem chamado Êutico. Mas a história é também instrutiva na área do culto cristão primitivo, porque aconteceu no contexto de um culto.
Ele diz isso por causa dessa afirmação de Lucas: ...no primeiro dia da semana, ajuntando-se os discipulos para partir o pão, Paulo, que havia de partir no dia seguinte, falava com eles; e alargou até meia noite.
Esse “primeiro dia da semana” se rferia ao sábado à noite ou ao domingo a noite? A interpretação desse “primeiro dia” depende da maneira como pensa o outro texto, o de I Co 16:2, onde lemos: ...no primeiro dia da semana cada um de vós ponha de parte, em casa, conforme a sua prosperidade, e vá juntando, para que se não façam coletas quando eu for também não serve para defender o domingo como dia de adoração. Ao recorrermos novamente ao Novo testamento Interlinear, veremos que nessa passagem também há problemas nas traduções mais conhecidas: conforme um de sábado cada um de vós ao lado de si mesmo coloque entesourado o que quer que seja encaminhado para que não, quando que vá, então coletas venham ocorrer.
Neste texto grego, não aparece nenhuma expressão que possa ser traduzida por “primeiro dia da semana” ou “todos os domingos” (NTLH). Aparece, sim, a palavra grega sabatou, cujo o primeiro significado alistado no léxico do Novo Testamento Grego/Português é “sábado” o sétimo dia da semana, considerado sagrado pelos judeus.
A expressão em casa também não consta no texto grego: logo, a tradução mais apropriada para o versiculo seria: todos os sábados, cada um de vós ponha de parte o que puder ajuntar.
Fica claro, portanto que, realmente no Novo testamento, nada consta sobre o domingo como dia de repouso. Há, todavia, inumeras informações de que a igreja reunia-se aos sábados para adoração. O escritor batista Isaltino Coelho Filho, ao comentar sobre o dia de adoração,honestamente admite que o Novo testamento não mostra o domingo como um dia reservado para o culto cristão.
Atos dos Apostolos, especialmente, registra que os crentes, quer fossem judeus, quer fossem gentios tinham hábito de se reunirem para a adoração ou aprendizado aos sábados:
Mas eles, atravessando de Perge para Antiquia da Psidia, indo num sábado a sinagoga, assentaram-se. (At 13:14)
Ao sairem eles, rogavam-lhe que, no sábado seguinte, lhes falassem estas mesmas palavras. (At 13:42).
No sábado seguinte, afluiu quase toda a cidade para ouvir a palavra de Deus. (At 13:44).
No sábado saimos da cidade para junto do rio, onde nos apareceu haver um lugar de oração, e, assentando-nos falamos as mulheres que para ali tinham concorrido. (At 16:13).
Paulo, segundo o seu costume, foi procurar-los e, por três sábados, arrazoou com eles acerca das Escrituras (At 17:2).
E todos os sábados discorria na sinagoga, persuadindo tanto os judeus como os gregos. (At 18:4)
Diante de tantas evid~encias internas é mais coerente e honesto concluir que o dia de culto da igreja do primeiro século era o sétimo e não o primeiro da semana.

CONCLUSÂO:
É maravilhoso quando a Bíblia é estudada à luz da verdade. Dizemos isto, porque ela mesma nos avisa que muitos a estudam para contradize-la (Rm 16:17-18; II Tm 4:3-4). Nesta lição, conhecemos os argumentos contrários à verdade, mas pudemos saber que a verdade surge absoluta quando comparada com os ensinos contraditórios.
Agradecemos a Deus pela luz que temos da verdade e que ela continue iluminando o nosso caminho na vida cristã. Continue estudando e aprendendo com a Bíblia.

COLOSSENSES 2:14
Esse texto prova que a guarda do sábado foi cancelada na cruz de Cristo?

TEXTO BÁSICO:
… tendo cancelado o escrito da dívida que era contra nós e que constava de ordenanças, o qual nos era prejudicial, removeu-o inteiramente, encravando-o na cruz (Cl 2:14)

INTRODUÇÃO:
Dando continuidade à nossa tarefa de explicar corretamente alguns textos sagrados referentes as doutrinas bíblicas da alimentação saudável e da guarda do santo sábado do Senhor, hoje analisaremos Cl 2:14, texto que, segundo cristãos, anula a guarda do sábado no sétimo dia. Ao estudá-lo, dentro do seu contexto, entretanto, constataremos que o quarto mandamento da lei de Deus não foi cancelado na cruz de Cristo.
Tal verdade já ficou evidenciada na sexta lição, quando vimos o tratamento respeitoso que o mestre Jesus e seus discipulos deram a esse dia, tratamento este que devemos ser limitado por todos os cristãos na face da terra, a fim de que tenhamos cumprida a promessa que nos diz:
Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me ama; e aquele que me ama será amado por meu Pai, e eu também o amarei e me manifestarei a a ele. (Jo 14:21).

I) INTERPRETAÇÃO INCORRETA:
Alguns cristãos interpretam Cl 2:14 como uma declaração geral de Paulo a respeito dos efeitos da obra de Cristo na cruz, em relação à lei, ou seja, com seu sacrifício o senhor Jesus teria cancelado todas as ordenanças, todos os rituais, todos os preceitos que eram como sombras da obra gloriosa que realizará no Calvário, incluindo, nesse cancelamento, preceitos da lei moral, os Dez Mandamentos, especialmente a guarda do sábado no sétimo dia da semana.
Em razão desse suposto cancelamento, os cristãos ficaram desobrigados de se subordinarem a esses preceitos divinos. Essas pessoas entende que Cristo anulou a lei, e com isso, trouxe a liberdade tão sonhada e esperada aos seres humanos; afirmam, ainda que o ministério da graça, manifestado por Jesus é incompatível com qualquer tipo de compromisso com a lei de Deus, quem chamam de “Lei de Moises”.
Outro fator a ser considerado é o levantado sobre a lei moral e a lei cerimonial. É verdade que nem uma nem outra lei recebe escrituristicamente tais designações, dentro da Bíblia Sagrada; entretanto, é bom lembrarmos que o fato de isto não aparecer na forma escrita, não invalida sua essência, pois o principio claro nos mandamentos escritos por Deus, nas tábuas de pedra, são principios morais e eternos, ao passo que grande parte dos escritos que Deus mandou Moisés escrever contém principios cerimoniais, militares, civis, ou seja, preceitos circunstanciais, transitórios. Estamos convictos de que nenhum cristão fiel as Escrituras se oporia a veracidade da doutrina da Trindade pelo simples fato de tal nomenclatura não fazer da escrita bíblica; porém, o que importa, em ambos os casos, é a essência da qual derivam as suas definições.
A verdade por trás de todo esforço empreendido no sentido de desabrigar os cristãos do compromisso integral para com os Dez Mandamentos de Deus, afirmados por Cristo por Nova Aliança, visa tão somente enfraquecer um único desses preceitos: a vigência do santo sábado do Senhor como um dia instituido por ele para que suas criaturas , em todos os tempos e lugares, tenham um dia separado para adoração, para se recordarem do seu criador e reconhecerem nele o Senhor Libertador, absoluto na história e digno de ser obedecido por seus servos, por meio da graça de Cristo.
Entretanto, apesar dos ventos contrários, a graça de Cristo faz que nossos corações anelem pela lei de deus e nosso interior suspire por sua vontade, verdade esta que levou o salmista, séculos atrás, a declarar: Ensina-me a fazer a tua vontade, pois tu és o meu Deus; guia-me o teu bom espirito por terreno plano (Sl 143:10); e que moveu o apóstolo João a dizer: Porque este é o amor de Deus, que guardemos os seus mandamentos; e os seus mandamentos não são penosos (I Jo 5:3).

II) INTERPRETAÇÃO CORRETA:
Antes da interpretação propriamente dita, é importante conhecermos o contexto geral da epístola aos Colossenses, cuja a autoria é atribuída ao apostolo Paulo, pela maioria dos teólogos. Cria-se, todavia, desde os tempos mais antigos, esta epístola havia sido escrita em roma, com as epístolas aos Filipenses, Filemom, I e II Timóteo e Tito, no período em que o apóstolo Paulo esteve aprisionado naquela cidade; entretanto, a linha de pensamento que hoje prevalece entre os estudiosos é a de que tais epístolas possam ter sido escritas por Paulo em uma de suas prisões, como no caso de Cesaréia ou Éfeso.
Algumas passagens, nesta carta (Cl 1:4, 2:1) deixam evidente que Paulo não conhecia a maioria dos crentes de Colosso, o que dificilmente o credenciaria ser reconhecido como o fundador da igreja naquela localidade. Colosso era uma cidade que pertencia a provincia romana da Asia e é possível que o evangelho e tenha alcançado durante o período em que o apóstolo paulo esteve evangelizando a cidade de Éfeso (At 19:10) fazendo, possivelmente com que, através de Epafras, que era cidadão colossenses, a mensagem de Cristo chegasse à cidade de Colosso (Cl 1:7; 4:12).
Se retrocedermos ao cenário da religiosidade cristã, nos tempos do apóstolo Paulo, iremos encontra-lo envolvido, dividido e bombardeado por algumas correntes destoantes do genuíno evangelho de Cristo, que procuravam encontrar simpatizantes para suas teorias. A jovem igreja que se instalara na cidade de Colosso, assim como as igrejas da Gálacia, de Éfeso e Roma, dentre outras, muito sofria pelas divergências internas promovidas por judeus rescem convertidos ao Cristianismo, mas com enormes dificuldades em se desligarem completamente do antigo modo de vida ritualista que mantinha no judaísmo. Como se isso não bastasse, tentavam impor o mesmo modo de vida aos cristãos daquela localidade.
Hoje, temos séculos de Cristianismo que nos proporciona experiências e maturidade para fazermos distinção clara entre uma coisa e outra; infelizmente os irmãos de Colossos, não podendo desfrutar deste mesmo benefício, deixaram-se enredar por práticas judaicas que não tinham lugar no Cristianismo.
Entre as práticas que os judeus novos convertidos lutavam por introduzirem ao Cristianismo destacava-se observância da lei cerimonial, notadamente os dias de festa, como páscoa, pentecoste, dia da expiação, festa dos tabernáculos, da lua nova e outras celebrações. Naturalmente, o apóstolo Paulo ensinou à igreja de colosso que tais ordenanças e festividades foram riscadas ou cravadas na cruz, por Cristo, e que ali, cessaram, automaticamente, os tipos de “sombras” que para ele apontavam.
É importante, nesse contexto, sabermos que os colossenses também eram profundamente assediados por mestres do gnosticismo (crença baseada no conhecimento como fonte de libertação espiritual – Cl 2:8); haviam absorvido práticas cerimoniais do judaísmo, como as doutrina da alimentação, das festas de dias, etc. E radicalizado esses preceitos; através da abstenção absoluta de todos os tipos de carne e da inércia absoluta nos dias de sábado festivo e no sábado do Senhor.
Isso os levou a um ascetismo rigoroso, por considerarem o isolamento uma das melhores formas de legalismo (crença na libertação espiritual através das obras da lei) mais severo que o praticado pelos fariseus. Como isso não bastasse, através de vãs filosofias, colocaram Cristo na mesma igualdade dos anjos (Cl 2:18) criaram o culto tendo anjos como mediadores de Cristo (Cl 2:20-23). Em outras palavras, os mestres do erro, os gnósticos de Colosso, estavam levando o Senhor da Igreja, Jesus Cristo, à insignificância.
Diante do tamanho perigo, Paulo escreveu aos colossenses para protegê-lo dessa heresia mortal, e o fez com oração (CL 1:3-14), aplicou-lhe a forte doutrina sobre o poder e o senhorio absoluto de Cristo na Igreja (Cl 1:15-27); deu-lhes o seu próprio exemplo de vida, como apóstolo (1:24 a 2:5), e explicou-lhes os valores espirituais que devem modelar a vida cristã (Cl 2:6-4:6). É nesse contexto geral que devemos compreender o texto que ora estudamos.
Dessa forma, ao afirmar: ...tendo cancelado o escrito da dívida, que era contra nós e que constava de ordenanças, o qual nos era prejudicial. Removeu-o inteiramente, encravando-o na cruz, Paulo não está dizendo que a Lei dos Dez Mandamentos fora abolida, mas está ensinando que a morte substitutiva de Jesus foi suficiente para pagar a nossa dívida pecaminosa. Assim sendo, o que, pela fé acreditam na eficácia do sacrifício de cristo, tem sua dívida cancelada, isto é, paga diante de Deus, e estão aptos a desfrutarem de uma nova vida, resultante da graça de Cristo.
Reiteramos que o texto de Cl 2:14 não ensina que a lei de deus foi encravada na cruz, e sim, que a dívida de todos os pecadores arrependidos fora perdoada e a justificação de todos aqueles que, pela fé em Jesus, alcançaram a comunhão com o Pai fora proporcionada. Consideramos cristalino o que Paulo está ensinando que, na cruz, o Senhor proporcionou o perdão dos pecados para a humanidade.
Com isso, o apóstolo está dando uma dura resposta aos judeus legalistas e aos gnósticos libertinos, afirmand0-lhes que a rigidez cerimonial, e autojustificação proveniente das obras da lei não pagam dívidas pecaminosas que a lei evidencia, e , neste sentido, ela é contra nós (Rm 7:7; Cl 2:14). Por essa razão, afirma Paulo, somente Cristo tem poder para cancelar essa dívida, e o fez na cruz.
Na mente do apóstolo, em nenhum momento existiu a ideia de que a cruz de Cristo tenha anulado a lei moral de Deus ou tenha extraído dessa lei o santo sábado; ele mesmo disse: Anulamos pois, a lei pela fé? Não, de maneira nenhuma! Antes confirmamos a lei(RM 3:31). O que ele afirma, em Cl 2:14, é que a cruz de cristo anulou as leis cerimoniais que regiam os sacrifícios de animais, “sombras” do sacrifício da cruz, e as inúteis posturas legalistas de autojustificação baseadas na lei moral, praticadas pelos mestres do erro.
Portanto, a crença comumente difundida de que o apóstolo Paulo ensinou, em Cl 2:14, que o sábado não mais fazia parte das obrigações dos cristãos é totalmente despropositada. Conforme Carlyle B. Haynes.
Supõem alguns que o apóstolo Paulo se referia à mudança do sábado quando escreveu aos colossenses: ninguém vos julgue por causa dos dias de festas, ou da lua nova, ou dos sábados, que são sombras das coisas futuras, mas o corpo de Cristo. O sistema cerimonial do Velho testamento possuía muitas festividades, dias santificados e sábados anuais. Este sistema, imposto até o tempo da correção, havia expirado com Cristo, para quem apontava. O crente não devia, portanto, voltar a esses tipos e sombras.
Dessa forma, insistimos em que o texto refere-se a questões espirituais que são consideradas sombra das coisas futuras, o que, obviamente, não diz respeito ao sábado do Senhor, que, segundo as Escrituras, devem ser guardado no sétimo dia da semana e não tem um direcionamento prioritariamente para o futuro, como os demais sábados das festividades judaicas, uma vez que, ao contrário destes, o sábado do senhor, além de restaurar o vigor físico, tem a finalidade de fazer o que os adoradores de deus, em todos os tempos, tenham sua visão voltada para o passado, para a obra divina da criação e da Redenção concedida aos nossos antepassados (Êx 20:8-11; Dt 5:12-15).
A cada sétimo dia, portanto, o povo de deus de quaisquer tempo e nação, reuni-se para recordar e celebrar o poder criador e redentor do Deus todo poderoso.


CONCLUSÃO:
Conscientizados de que o texto de Cl 2:14 não cancela a lei de Deus, e, por assim dizer, não abole o santo sábado do Senhor, mantenhamos nossa fé firmada na verdade, e a cada sétimo dia da semana, façamos do sábado momentos em que possamos nos apresentar diante do Senhor com um coração adorador disposto a reconhecer que ele é o Criador de toda existência, é deus Libertador das nossas vidas e Soberano sobre toda criação: De longe trarei o meu conhecimento, e ao meu criador atribuirei a justiça.(Jó 36:3)


GÁLATAS 3:10
Esse texto ensina que quem observa a lei de Deus está debaixo de maldição?

TEXTO BÁSICO:
Todos quantos, pois, são das obras da lei estão debaixo da maldição; porque esta escrito: maldito todo aquele que não permanece em todas as coisas escritas no livro da lei, para praticá-las. (Gl 3:10)

INTRODUÇÃO:
Assim que Paulo pregou o evangelho recebido pela revelação de Jesus Cristo (Gl 12) aos Gálatas, houve entusiasmada aceitação das verdades pregadas. A sua vida cristã estava avançando e crescendo, dia após dia. Eles corriam bem (Gl 5:7) a carreira que lhes estava proposta, olhando firmemente para Jesus, o qual se entregou a si mesmo pelos nossos pecados, para nos desarraigar deste mundo perverso, segundo a vontade de nosso Deus e Pai (Gl 1:4), por meio de quem, portanto, a vida cristã começa a se aperfeiçoa (Hb 12:2).
De repente, os gálatas pararam de prosseguir para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de deus em Cristo Jesus (Fp 3:14). O que aconteceu? Aconteceu que apareceram os judaizantes pregando um evangelho diferente, cuja ênfase principal era a circuncisão, uma prática vista por Paulo, desde o período da sua conversão, como “refugo” ou “esterco” - Skubalon, no grego (Fp 3:1-8).
Você sabe o que é isso? Rieneker e Rogers lhe respondem com a seguinte afirmação:
Refere-se ao excremento humano, a porção do alimento rejeitada pelo organismo como nutritiva ou refere-se a lixo ou resto de uma festa, a comida que caia a mesa.

I - INTERPRETAÇÃO INCORRETA:
O texto que nos serve de base para este estudo (Gl 3:10) é bastante utilizado por estudiosos para defenderem a posição teológica de que a lei de deus inclusive as partes morais, está limitada ao tempo antes da vinda de Cristo e de que, por isso, já não é mais diretamente aplicável aos crentes de hoje.
Eles sustentam que a lei do Senhor é a unidade indivisível e inseparável, n]ao podendo ser separada em aspectos morais, civis e rituais, pois este sistema não esta claramente apresentado nas escrituras Sagradas. Assim, se alguém “concorda que Cristo colocou de lado a lei cerimonial por meio de sua morte e ressurreição substitutivas, então consequentemente os cristãos dão desculpados de toda a lei, visto que ela é uma unidade invisível.
Na lista de textos usados para se defender essa posição, encontra-se o que baseia a nossa lição, que será interpretado corretamente, na sequencia.

II - INTERPRETAÇÃO CORRETA:
Ao lermos a epístola de Gálatas, ficamos impressionados com o palavreado raivoso, vigoroso, urgente, energético, corretivo, cortante do apóstolo, que j[a, de inicio, expressa, com fraqueza, sua dolorosa surpresa e seu espanto:
Admira-se que estejais passando tã depressa daquele que vos chamou na graça de Cristo para outro evangelho, o qual n~]ao é outro, senão que há alguns que vos perturbam e querem perverter o Evangelho de Cristo.(Gl 1:6-7)
às vezes, precisamos de firmeza para defendermos da corrupção a verdade do Evangelho! O que estava em jogo n]ao era uma opini]ao pessoal do apóstolo, mas o plano de salvação para os gentios.
Após justificar e defender a legitimidade de sua autoridade e sua proclamação, que vinhm sendo duramente questionadas pelos judaizantes (Gl 1:10-2:14) Paulo passou a explicar firmemente a autêntica doutrina da justificação (Gl 3:1-4 4:11) aos Gálatas, que estavam completamente envolvidos com as palavras do judaizantes. Ele não queria que as igrejas voltassem aos rudimentos do judaísmo, de onde já haviam saído. Foi nesse contexto que apareceu a afirmação:
Todos quantos, pois, são das obras da lei estão debaixo de maldição; porque está escrito: Maldito todos aqueles que não permanece em todas as coisas escritas no livro da lei para praticá-las. (Gl 3:10)
Nesse capítulo para muitos, o pensamento de Paulo acerca da lei é difícil de ser entnedido, porque ele parece fazer uma série de afirmações contraditórias sobre lei de deus, deixando subtedido que o povo de Deus não tem mais obrigação de obedecer-lhe. As apar~encias contradições são superadas quando entendemos o significado da palavra lei.
A palavra lei que aparece quinze vezes nesse terceiro capitulo – em toda a epístola, há 33 ocorrências -, foi traduzida do termo grego nomos, que, nas epístolas apulinas, possui significado diversificado. Por exemplo, em I Cor. 14:21, o termo nomes, é usado em refer~encia ao livro do profeta Isaías 28:1-11: na lei esta escrito: falarei a este povo por homens de outras línguas e por lábios de outros povos, e nem assim me ouvirão, diz o Senhor.
Em Romanos 7:21 – Porque , no tocante ao homem interior, tenho prazer na lei de deus – nomos, é uma alusão a lei moral de deus, isto é, os dez mandamentos. Já na parte final de Rm 3:21 – Mas agora, se manifestou , sem a lei, a justiça de deus, tendo testemunho da lei e dos profetas -, nomos aponta para o pentateuco, os cincos primeiros livros do Antigo testamento.
Vemos, portanto que a palavra grega é sempre a mesma, nos três textos – nomos – mas o sentido varia de um texto para o outro, Em cada texto, nomos, só aceita um dos significados possíveis, determinado pelo contexto. Quando esse principio é ignorado, a interpretação do texto fica gravemente comprometida. Isso se aplica a epistola aos Gálatas, em que o apóstolo está enganjado num debate teológico com judaizantes, defensores da circuncisão, que é mencionado 7 vezes na carta (Gl 2:7,8,9,12, 5:6,11, 6:15) como necessária ao crente para ser justificado diante de deus.
Assim sendo, pode se concluir que o termo nomos, é , sem duvida, uma referencia a aspectos cerimoniais do judaísmo, que consistiam de ordenanças e mandamentos que apontavam para o trabalho redentor de cristo (Cl 2:11 – 1:3; Ef 2:14-15). Os judaizantes estavam defendendo que a justificação era alcançada pela observância dessas prescrições. Trata-se de uma interpretação equivocada, pois, até mesmo o Antigo testameto, a justificação era alcançada não pela obediência, mas pela confiança: É o caso de abraão, que creu em deus, e isso lhe foi imputado como justiça (Gl 3:6).
Ao citar Abraão, o mais ilustrativo e eloquente exemplo de justificação pela fé, Paulo deixa claro que nenhum dos mandamentos de deus, quer fossem rituais quer fossem morais, teve o propósito de produzir justificação ou libertação. O exemplo mais conveniente encontra-se em Êx 20. A salvação veio aos israelitas ants da revelação do conjunto de orientações e prescrição aos israelitas antes da revelação do conjunto de orientações e prescrições – rituais civis e morais – de Deus (Êx 20-24) a lei foi dada a um povo já resgatado da escravidão. Eles não tiveram que obedecer os mandamentos – rituias civis e morais – para serem justificados ou resgatados da escravidão egípcia (Dt 7:7-8).
Qual era, então, a razão dos preceitos divinos? Os mandamentos – rituias, civis e morais – não eram instrumento de justificação, mas de santificação. O prórpio Deus deixa isso claro para Moisés, no altar do monte Sinai:
Agora, pois, se diligentemenete ouvirdes a minha voz e guardado a minha aliança ent~]ao, sereis a minha propriedade peculiar dentre todos os povos; porque toda a terra é minha; vós sereis reino de sacerdotes e nações santa. (Êx 19:6).
Deus queria que o povo liberto da opressão se tornasse uma nação santa. Então, em sua lei, o Senhor registrou as orientações detalhadas para facilitar aos israelitas esse crescimento em santidade.
O alerta de Paulo aos judaizantes consisitia em mostrr-lhe que qualquer tentativa de obter a justificação ou salvação por meio da obediência aos cerimoniais judaicos resultaria em fracasso e maldição, e não em salvação, porque as exigências cerimoniais não foram estabelecidas com o propósito de justificar ninguém perante deus: E é evidente que, pela lei, ninguém é justificado diante de Deus, porque o justo viverá pela fé. (Gl 3:11).
Além do mais, Paulo mostra uma outra grave falha no ensino dessas pessoas. Eles estavam aparente4mente ensinando que os cristãos precisavam obedecer apenas a alguns aspectos cerimoniais (principalmente, a circuncisão), e n]ao a todas as coisas escritas no livro da lei.
Paulo desmascara a falsidade dos judaizantes, dizendo: Eu, Paulo, vos digo que, se vos deixardes circuncidar, Cristo e nada vos aproveitara. De novo, tetifio a todo homem que se deixar circuncidar que está obrigado a guardar toda a lei. (Gl 5:2-3).
Era tudo ou nada. N]ao havia apossibilidade de selecionar o que deveria ser obedecido. Portanto, n]ão adiantaria os gálatas dizerem: “Estamos aderindo somente a circuncisão”, pelo alerta de Paulo é: … um pouco de fermento leveda toda a massa. (Gl 5:9).
Na sequencia, o apostolo, explica que aqueles aspectos cerimoniais da legislação serviram de aio (paidagogos) para conduzir a crito, a fim de que fossemos justificado por fé (Gl 3:24). Ao explicar o significado da palavra “aio”, a chave Linguistica do Novo Testamento grego afirma:
...Guardião, tutor. Era um escravo empregado por famílias gregas e romanas para encarregar dos meninos entre 6 a 16 anos, cuidando de seu comportamento e acompanhando-o sem que saísse de casa, indo, por exemplo, à escola.
Apesar de ser filho do senhor, o menino não desfrutava dos privilégios de herdeiro:
Digo, pois, que, durante o tempo em que o herdeiro é menor, em nada difere de escravo, posto que ele é senhor de tudo. Mas está sob tutores e curadores até ao tmepo predeterminado pelo pai. (Gl 4:1-2).
O pedagogo – aio – era quase dono da vida da criança. Todavia, quando atingia a maioridade, ele se libertava dessa severa supervisão quase onipresente. Jamais teria saudade daquele período de menoridade, pois a época, mesmo sendo dono de tudo, era tratado como escravo.
Usando a expressão assim também nós, o apóstolo passa aplicar essa inteligente ilustração à situação vivida pelos gálatas, dizendo:
...quando éramos meninos, estávamos reduzidos à servidão debaixo dos primeiros rudimentos do mundo; mas, vindo a plenitude dos tempos. Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, para remir os que estavam debaixo da lei, a fim de recebermos a adoção de filhos. (Gl 4:3-5).
Antes da encarnação de Cristo, todos estavam sujeitos à servidão do aio a lei. Uma vez que era um período de menoridade e imaturidade espiritual, todos tinham de obedecer as suas diversas prescrições e rudimentos.
Com a vinda de Cristo, a supervisão terminou. Não estávamos mais sob osa cuidados de um pedagogo: Mas, depois que a fé veio,já não estamos debaixo de aio. (Gl 3:25).
Alcançamos a nossa maioridade espiritual! Agora, somos filhos de deus, como está escrito: Assim que já não és mais servos, mas filhos; e, se és filho, és também herdeiro de Deus por Cristo. (Gl 4:6-7).
O que os crentes da igreja da Galácia estavam fazendo? Estavam trocando a maioridade pela menoridade; estavam voltando a infância espiritual. Abismado com a decisão dos galatas, o apóstolo perguntou, nervoso e perplexo:... como tornais outra vez a esses rudimentos fracos e pobres, aos quais de novo quereis servir? (Gl 4:9-11).
Na parte final da carta, depois de exortar os gálatas com estas palavras: Para liberdade foi que Cristo nos libertou. Permanecei, pois, firmes e não vos submetais, de novo, a jugo de escravidão. (Gl 5:1), o apóstolo Paulo ensina que a liberdade cristã, por sua vez, não deveria ser confundida com libertinagem ou licenciosidade (Gl 5:13). Essas ultimas palavras do apóstolo, na epístola aos Gálatas são oportunas e prudentes, uma vez que a doutrina da justificação somente pela fé pode ser perigosa e prejudicial, se for entendida e aplicada de maneira incorreta.
Esse, portanto, não é um problema exclusivo dos gálatas. Ainda hoje, muitos cristãos correm o risco de abusar da graça de Jesus. A epístola de Judas refere-se a homens (…) que convertem em dissolução a graça de Deus (Jd 1:4). Eles, de acordo a NTLH, torciam a mensagem a respeito da graça do nosso Deus a fim de arranjar uma desculpa para a sua vida imoral.
Em todas as suas epístolas, o apóstolo paulo, sempre deixou claro que a graça não autoriza nem permite abusos, a exemplo dos seguintes questionamentos que ele lança aos fiéis: Que diremos pois? Permaneceremos no pecado, para que seja a graça mais abundante? (…) Havemos de pecar porque estamos debaixo da graça? (Rm 6:1,15). Ele mesmo responde, categoricamente: de modo nenhum.
A graça, portanto, não oferece uma licença especial para vivermos na prática do pecado. Pois, além de salvar, a graça educa:
Porquanto a graça de deus se manifestou salvadora a todos os homens, educando-nos para que , regeneradas a impiedade e as paixões mundanas, vivamos, no presente século, sensata, justa e piedosamente. (Tt 2:12).
“Educando-nos” foi traduzido do verbo grego paideuo que, segundo o Léxico do Novo Testamento, significa treinar, instruir, ensinar com rigor. A graça de Deus, portanto, está intimamente associada a disciplina, treinamento e discipulado rigorosos.
Trata-se de uma definição bastante diferente do que se tem pregado nas igrejas de hoje. Não se deve supor que a graça do NT seja diferente da graça do AT. A graça de deus, em ambos os Testamento das Escrituras Sagradas, possui a mesma definição rigorosa, porque o Deus que a instituiu é o mesmo em seu caráter e natureza. As exigências de santidade para os dois povos (Israel, no AT, e a Igreja no NT) são as mesmas. Para ambos, está escrito: Sede santos, porque eu sou santo(Lv 20:7; 1 Pe 1:16).
E, nesse processo de santificação pessoal, a lei do senhor (os aspectos morais) tem uma função primordial, pois ela contém os valores éticos e morais de quem a instituiu. Sob as duas alianças, o Senhor tem um único instrumento de santificação: os seus mandamentos, que refletem a perfeita beleza do seu carater. As leis rituais e civis foram anuladas na cruz de Cristo, mas as morais receberam mais esclarecimento e aprofundamento na pessoa e no ensino de cristo, que disse: Não penseis que vim revogar a Lei ou os Profetas; não vim para revogar, vim para cumprir (Mt. 5:17).
Esse texto de Mateus é, segundo estudiosos da linguistica, traduzido de maneira imprecisa e confusa. Eles admitem que a palavra traduzida para o português por cumprir é plerosai, que pode também ser traduzida por ratificar, confirmar, validar, autenticar, aumentar, completar, preencher de modo absoluto. Se você substituir o verbo cumprir por confirmar, por exemplo, a frase de Jesus terá mais clareza e coerência? Claro que sim. O verbo cumprir contradiz o contexto (Mt 5:18-20), em que Jesus ensina, de modo claro, a permanência e a obrigatoriedade da lei para os que fazem parte do reino.
Portanto, Deus espera que lhes prestemos obediência, mas não espera uma obediência forçada. Ele quer obediência motivada por gratidão, como afirma Yancey:
Se compreendermos o que Cristo fez por nós, então certamente por gratidão lutaremos para viver de maneira digna de tão grande amor. Lutaremos por santidade não para fazer Deus nos amar, mas porque ele já nos ama.
Não obedecemos aos mandamentos de deus (apenas os seus aspectos morais) para alcançarmos justificação . Já fomos justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus (Rm3:24). É somente por gratidão que guardamos os seus mandamentos e fazemos diante dele o que lhe é agradável (I Jo 3:22).

CONCLUSÃO
Quem observa a justa e santa lei do senhor, não está debaixo da maldição, pois ela é perfeita (Dt 32:4; Sl 19:7; Tg 1:25), assim como é perfeito o seu legislador (Mt. 5:48). Assim , o crente em Jesus tem prazer interior em cumprir e ensinar a lei do Senhor gravada em seu coração Sl 1:1, 2, Jr 31:33, Rm 7:22), exatamente porque amam profundamente a deus que os libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do filho do seu amor, no qual temos a redenção, a remissão dos pecados (Cl 1:13-14).

ROMANOS 10:4
Esse texto ensina que a vinda de Cristo pôs fim a lei de Deus?

TEXTO BÁSICO:
Porque o fim da lei é Cristo, para a Justiça de todo aquele que crê. (Rm 10:4)

INTRODUÇÃO:
Buscar compreender a palavra de Deus corretamente é uma atitude que deve nortear constantemente a nossa vida, pois, se trata de uma responsabilidade intransferível. Nesse sentido, cada salvo deve zelar por sua salvação, examinado as escrituras para verificar se sua fé está de acordo com o evangelho ensinado por Cristo e testificado pelos patriarcas, pelos profetas e pelos apóstolos. Em obediência à ordem do nosso Mestre, devemos examinar as escrituras, porque julgamos ter nelas a vida eterna, e são elas mesmas que testificam de Nosso Senhor (Jo 5:39).
Deus nos tem dado a oportunidade de conhecermos a interpretação correta de Lc 16:16; At 20:7; Cl 2:14 e Gl 3:10, sendo que, no presente estudo, o Espirito Santo nos ajudará a compreendermos o ensinamento espiritual expressado em Rm 10:4, que é um dos textos usados para embasar a fé daqueles que equivocadamente, vêem a lei de Deus como desnecessária ao processo de salvação que nos foi concedido pela graça de cristo.

INTERPRETAÇÃO INCORRETA:
Em lares de cristãos., em igrejas de cristãos, em faculdades de teologia cristã, onde há cristãos, não é difícil encontrarmos declarações doutrinárias afirmando que a morte de Cristo, na cruz, além de operar a salvação dos pecadores arrependidos, operou o fim da lei de deus. Essa visão antinomista (contra lei) não é nova; desde a queda, no Éden, o ser humano se tornou incapaz de obedecer a Deus, e por isso, desenvolveu uma espécie de “antipatia natural” a regras, leis, estatutos, oráculos, mandamentos e juízos divinos.
Nossa disposição pecaminosa contra leis de deus está impregnada em nossa carne que somos capazes de nos agarrarmos a qualquer coisa que nos apareça apoiar esses desejos naturais originados na queda. Somos capazes de ler Romanos 10:4, arrancá-lo de seu contexto, para que ele diga para nós aquilo que queremos e que se coadune com a foma de vida espiritual que desejamos viver. Os que assim agem, acreditam que o apóstolo Paulo ensinou que a morte de Cristo foi o fim da lei, no sentido de que ela não tem mais nenhuma utilidade, nenhuma autoridade, nenhuma influência na vida dos que foram salvos pela graça de Cristo.
A extração de Rm 10:14 e seu contexto proporciona ao intérprete compreender o fim da lei é Cristo como extinção da lei de Deus. Como um abismo chama outro abismo, as mesmas regras interpretativas são usadas para Gálatas 3:10, texto que, segundo os antinomistas, diz que todos os salvos que crêem na vigência da lei de deus estão sobre maldição. O uso errado de Gl 3:10 tem o claro intuito de dar credibilidade a interpretação errada de Rm 10:4. Para que não venhamos a fazer parte dos que vivem adulterando a palavra de deus (II Cr 4:2), vejamos qual é a interpretação correta de Rm 10:4.

A INTERPRETAÇÃO CORRETA
O contexto de Rm 10:4 é a discussão de Paulo com os cristãos de Roma sobre a rejeição do povo judeu, com relação à salvação que Cristo efetuou na cruz. O apóstolo tenta explicar a razão de os judeus, como o povo, não terem alcançado a salvação como os gentios alcançaram. Bem antes, no livro de Atos, Paulo já havia tocado no assunto, quando disse:
Cumpria que a vós outros, em primeiro lugar, fosse pregada a palavra de Deus; mas posto que a rejeitas e a vós mesmo vos julgais indignos da vida eterna, eis ai que nos voltamos para os gentios. (At 13:46).
Na Macedônia, Paulo pregou para os líderes desse povo, mas eles se opuseram, e o apóstolo lhes declarou: Sobre a vossa cabeça, o vosso sangue! Eu dele estou limpo e, desde agora, vou para os gentios receberam o Evangelho de forma totalmente oposta à dos judeus:
Os gentios, ouvindo isto (o Evangelho), regozijavam a palavras do senhor, e creram todos os que haviam sido destinados para a vida eterna. (At 13:48).
Mas por que os judeus rejeitaram a salvação? Porque acreditavam que seriam justificados pelas obras da lei! Entendiam que suas obras, provenientes de sua obediência a lei, iriam limpar os seus pecados. Em outras palavras, eles criam na autojustificação, na justiça própria, na justiça proveniente da lei. Israel entendeu mal a lei; não compreendeu que a leis divinas sobre sacrificios de animais eram uma prova da incapacidade humana de entender a todas as exigências da lei.
Milhares de judeus empilhavam-se no pátio do templo de Jerusalém, cada um com seu animal, e, diante dos sacerdotes, admitiam a quebra da lei, até que se tornaram insuportaveis para Deus.
O Senhor diz: “Eu quero todos esses sacrificios que vocês oferecem. Estou farto de bodes e de animais gordos queimados no altar; estou enjoado do sangue de touros novos, não quero nem carneiro, nem cabritos. Quando vocês vem até minha presença, quem foi que pediu esse corre-corre nos pátios do meu templo? Não adianta nada me trazerem ofertas; eu odeio o incenso que vocês queimam. Não suporto as festas da Lua nova, os sábados e outras festas religiosas, pois os pecados de vocês estragaram tudo isso.” (Is 11:13 – NTLH).
Segundo o profeta Isaias, a nossa justiça própria não tem poder para nos tornar limpos diante de deus; Mas todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças, como trapo de imundicia; todos nós murchamos como a folha e as nossas iniquidades, como um vento, nos arrebatam. (64:6)
Afinado como Isaias, paulo diz aos cristãos romanos:
Como dizem as Escrituras Sagradas: “Não há uma só pessoa que faça o que é certo; não há ninguém que tenha juizo, não há ninguém que adore a Deus. Todos se desviaram do caminho certo, todos se perderam. Não há mais ninguém que faça o bem, não há ninguém mesmo. Todos mentem e enganam sem parar. Da língua deles saem mentiras perversas, e dos seus lábios saem palavras de morte, como se fossem veneno de cobra. A boca deles está cheia de terríveis maldições. Eles se apressam para matar. Por onde passam, deixam a destruição e a desgraça. Não conhecem o caminho da paz e não aprendem a temer a Deus.” (Rm 3:10-18 – NTLH).
Esse é o contexto geral que motivou Paulo a escrever aos romanos, a fim de ensinar-lhe a doutrina da justificação pela fé em Cristo, uma vez que é evidente que, pela lei, ninguém é justificado diante de deus, porque o justo viverá pela fé (Gl 3:11). Justificação é o ato unilateral de Deus em nos declarar justo diante dele, quando, pela fé, entendemos que o sacrificio de Jesus tem poder de nos limpar dos pecados e nos tornar filhos de Deus, a qual viviam quebrando, e descartaram o filho de Deus. Mas os gentios, que não tinham lei (Rm 2:14) acolheram a cristo.
O apóstolo explica a rejeição dos judeus e a aceitação dos gentios, com estas palavras:
O que vamos dizer então? Vamos dizer isto: os não-judeus que não procuravam ser aceitos por Deus, foram aceitos por meio da fé. Porem o povo de Israel, que procurava uma lei para ser aceito por Deus, não encontrou o que estava procurando. E porque não? Porque eles procuravam alcançar isso por meio das suas ações e não por meio da fé. Eles tropeçaram na “pedra de tropeço”, como dizem as Escrituras Sagradas: “Vejam! Estou colocando em sião uma pedra em que eles vão tropeçar, a rocha que vai fazê-los cair. Mas quem crer nela não ficará desiludido.” (Rm 9:30-33 – NTLH).
Em Rm 10:1, Paulo demonstrou sua imensa preocupação pelos judeus , e declarou orar por eles, para que entendesse essa questão e fossem salvos. O apóstolo reconheceu que eles tem zelo por Deus, porém não com entendimento (10:2). Qual a razão desse embrutecimento que rejeita a graça e amarra a fé? O desconhecimento da justiça de Deus e a insistência em querer estabelecer a sua própria, não se sujeitando a que vem de Deus (10:3).
Dita essas coisas, Paulo fez a declaração que é base de nosso estudo: Porque o fim da lei é Cristo, para justiça de todo aquele que crê. A palavra grega telos, que neste texto, é traduzida por “fim” tem dois significados: a) “alvo” ou “finalidade”, no sentido de que a lei conduzia os pecadores para cristo, e b)”conclusão” ou “término”, no sentido de que Cristo aboliu a lei como instrumento de justiça.
ÊXODO 31:16
Esse texto indica que o sábado foi dado apenas para os judeus?

TEXTO BÁSICO:
Guardarão, pois, o sábado os filhos de Israel, celebrando o sábado nas suas gerações por conserto perpétuo. (Êx 31:16)

INTRODUÇÃO:
Quanta confusão há,em relação à guarda do sábado no sétimo dia! Quanta dificuldade para reconhecê-lo como dia santo do Senhor Deus! É lamentavel que muitos cristãos não enxerguem duas grandes bençãos divinas, entre tantas relacionadas a criação: o homem e o sábado. O primeiro Deus fez pensar e agir (Gn 1:26-28); o segundo Deus fez para dar suporte moral e emocional e para restaurar as forças físicas, mentais e espirituais do homem. Não se pode, pois entender o agir do homem sem o sábado, nem a benção e a santidade do sábado sem o homem. A atitude do próprio Deus em descansar, abençoar e santificar o sétimo dia dá ao sábado a condição de santo dia do senhor.
Por essa razão, o estudo de hoje mostrará que o sábado ou descanso foi o único feito divino que recebeu, já de inicio,o qualitativo santo; mostrará, as nações, as etnias e as raças que povoam a terra, em quaisquer que sejam as épocas. O sábado foi feito para o repouso e para a devoção do homem a Deus.

INTERPRETAÇÃO INCORRETA:
Diversas organizações evangélicas vêem o santo sábado como instituição apenas para o povo judeu e, apresentam os seguintes argumentos:
1) O sábado foi dado aos judeus, através de Moisés, como lembrança e sinal da aliança que Deus firmará com os israelitas, no Egito. Tal argumento é baseado em textos como este: Entre mim e os filhos de Israel será um sinal para sempre(...) Disse mais o Senhor a moisés: escreve estas palavras; porque conforme ao teor destas palavras tenha feito conserto contigo e com Israel. (Êx 31:17, 34:27).
2)A lei de Deus – os dez mandamentos descritos em Êx 20: 1-17 – não existiria , antes de ser dada no Monte Sinai. Esse argumento é baseado neste texto: Não com nossos pais fez o senhor este conserto, senão conosco, todos os que hoje aqui estamos vivos (Dt 5:3)
3) O sábado não foi mencionado na criação. Ele fazia parte da lei cerimonial, dada por Moisés, aos Israelitas. Essa lei fazia referência a todo um procedimento temporário que os israelitas deveriam adotar, até a chegada do Senhor Jesus Cristo.
O ex-padre Aníbal Reis, forte opositor do sábado, apresenta este argumento:
No contexto da vigência da Lei os judeus viviam debaixo da sombra dos bens futuros (cf Hb 10:1). Ao consumar no calvário a obra objetiva da redenção, Jesus Cristo, Luz do mundo, extinguiu todas as sombras e nele se consumaram todas as figuras. Extintas as sombras e figuras faziam parte (…) Apesar de todas essas instituições e estatutos serem no Antigo Testamento PARA SEMPRE (perpétuas), caducaram quando da morte de Jesus Cristo. Nenhuma delas se encontraram no cristianismo (…) Foram “perpétuas” no sentido de durarem por toda vigência do velho Testamento. O sábado semanal de igual maneira foi perpétuo com o significado de duração restrita à permanência do cerimonial judaico... SINAL do concerto entre Deus e Israel, o sábado se restringiu às gerações israelitas sem implicar os gentios.
Por sua vez, Champlin comenta o seguinte:
Não há registro de que o sábado era observado na época patriarcal, embora o início “teológico” esteja relacionado à criação de toda as coisas e ao descanso de deus de seu trabalho (Gn 2:2) (…) parece que essa era uma instituição exclusiva aos hebreus antes da ideia propagar-se a outros povos.
Por esses argumentos, vemos o quanto os conceitos de certo e errado são subjetivos em nossa época; percebemos o quanto as respostas dos homens procuraram satisfazer os interesses de cada questionador. Porém, quando nos colocamos diante da palavra de Deus, a ela devemos nos curvar, perguntando: Pode deus, porventura, errar? Podem seus preceitos morais, éticos e espirituais terem sido dados para esse e não para aquele povo?

INTERPRETAÇÃO CORRETA:
Na Bíblia Sagrada, o sábado é o sétimo dia da semana, santificado ao Senhor Deus e dado por ele a seus filhos como prova de obediência; ele é declarado dia abençoado, dia de repouso e dia santificado; essas qualidades foram eternizadas pelo ato de Deus de descansar nesse dia após haver criado todas as coisas : E viu Deus tudo quanto tinha feito, e eis que era muito bom (Gn 1:31, 2:2-3). Os demais seis dias da semana, e toda criação, era também, bons. A nenhum deles, porém, Deus atribuiu o qualitativo de santidade, uma das qualidades essenciais da Divindade, como fez o sétimo dia, chamando-o de santo ontem, hoje e sempre (Gn 2:2-3; Êx 16:23, 31:14).
Sábado não surgiu com o povo judeu, mas com o primeiro homem e continuará existindo enquanto, sobre a terra, houver algum ser humano. Assim disse Deus: Façamos o homem a nossa imagem; e dominem...Frutificai e multiplicai-vos (Gn 1;26-28). No poder que o homem recebeu para governar a terra, está incluso o respeito aos seus limites físicos, mentais e espirituais; por isso, ele deve governar considerando o dia de repouso, de descanso, para que possa oferecer a devida devoção a deus. Adão e Eva foram as primeiras pessoas a quem deus manifestou esses princípios de vida, esses valores que provém de sua soberana vontade, e o casal foi transmitindo esse legado divino a seus descendentes (Gn 1:26-28). Nada se perdeu, pelo cuidado especial que Deus tem para com o fiel cumprimento de sua Palavra (Jr 1:12).
Bem antes do povo judeu, Abraão e todos os demais patriarcas bíblicos também guardaram os preceitos divinos, entre os quais a guarda do sábado está incluída:
Porquanto Abraão obedeceu a minha voz, e guardou os meus estatutos e as minhas leis... eu apareci a Abraão, a Isaque e a Jacó, como o Deus todo poderoso(...) E também estabeleci o meu concerto com eles. (Gn 26:5; Êx 6:2-7).
Na ordem sequencial dessa Dez Palavras, o sábado aparece em quarto lugar, interligando deveres entre Deus e o homem, não como mandamento novo, mas como lembrança daquilo, que há muito tempo, já era conhecido: Lembra-te do sábado para o santificar (Êx 20:8-11). Com essa solene descrição histórica do sábado, deus quer que conheçamos e lembremos do sétimo dia da semana como o dia de descanso por ele santificado (Gn 2:2,3; ÊX 20:1-17).
Em Nm 15:32-35, temos um exemplo doloroso resultante da desobediência à guarda sábado:
Estando, pois, os filhos de Israel no deserto, acharam um homem apanhando lenha no dia de sábado. Os que o acharam apanhando lenha trouxeram a Moisés e a Arão, e a toda congregação. Meteram-no em guarda, porquanto ainda não estavam declarado o que se lhe devia fazer.
Até este ponto da narrativa, com nossa cabeça moderna, poderíamos achar que isso é radicalismo do povo de Israel. Veja então, a sequencia do texto e quem é que define a questão:
Então disse o Senhor a Moisés: tal homem será morto; toda a congregação o apedrejará fora do arraial. Levou-o, pois, toda a congregação para fora do arraial e o apedrejaram e ele morreu, como o senhor ordenara a Moisés (Nm 15;36).
E agora, você se atreve a chamar Deus de radical? Tem o estudante a audácia de afirmar que essa lei é de Moisés? A obediência a guarda ao sábado era segurança de vida, os Israelitas deveriam obedecer ao quarto mandamento por amor as suas almas (Jr 17:21 – cf Ne 13;17-22).
O sábado não pertence a um conjunto de leis cerimoniais, dadas por Moisés, aos Israelitas, integra os Dez mandamentos da Lei Moral escrita pelo próprio Deus e dada aos israelitas, como evidência da aliança firmada, cujo objetivo central era conscientizá-los de que o Senhor é o seu único Deus (Dt 6:4). Bacchiocchi, referido ao maná colhido em dobro, na sexta-feira, comenta o seguinte:
O sábado é apresentado em Êxodo 16 e 20 como uma instituição já existente (…) A falta de explicação sobre a necessidade de se recolher quantidade dupla no sexto dia seria incompreensível, se os israelitas não tivessem conhecimento prévio do sábado. Do mesmo modo, em Êxodo 20, o sábado aparece como algo familiar... Sem embargo, a essência do sábado não é um lugar onde se possa ir para cumprir alguns ritos, e sim um tempo para se dedicar a deus, aos demais seres e a si mesmo.
O sábado é, pois, o dia santo, e reflexões e adoração a quem devemos prestar louvores , por todas as coisas criadas.
Jesus Cristo sempre esteve junto ao Pai e participou de todos os atos da criação. São dele as palavras: Eu e o Pai somos um...quem vê a mim, vê o Pai (Jo 1:2-3, 10:30, 14:9).
E disse também: O sábado foi feito por causa do homem e não o homem por causa do sábado (Mc 2:27). Isto evidencia que, desde o inicio da criação, o homem necessita do sábado para satisfazer suas necessidades físicas e espirituais e demonstrar sua obediência a Deus. Se o sábado fosse dado apenas ao judeu, porque Jesus se referiu , de forma tão genérica, ao homem e não ao judeu especificamente? Porque João e Paulo fizeram estas afirmações: … a salvação vem dos judeus...que são israelitas , dos quais é a adoção de filhos, e a gl[ória, e os concertos e a lei e o culto e as promessas? (Jo 4:22; Rm 9:4).
Porque nos esforçamos para conseguir a salvação que vem dos judeus e rejeitamos o sábado como o mandamento do Senhor, se o sábado e a salvação procedem igualmente de uma mesma fonte?
O texto de Êxodo 31:16, portanto, onde está declarado que o sábado deve ser obedecido por aliança eterna nas suas gerações, não é um mandamento restrito ao povo judeu como nação, mas a todos os salvos de todas as nações, visto que a base de nossa salvação vem de Israel; o osso Salvador é da tribo de Judá (Hb 7:14) e o Novo Testamento nos chama de o Israel de Deus (Gl 6:16).
É evidente que deus fez com o seu povo uma nova aliança, a da cruz, cuja base é o sangue de cristo; porém, o próprio Senhor da cruz foi obediente aos mandamentos do Pai, entre eles a guarda do sábado, sem aboli-lo (Mt 5:17). Isso é comprovado pela luta que Cristo teve com os judeus para restaurar o verdadeiro sentido do dia sagrado que havia sido tranformado com num fardo insuportável (Mc 2:23-28; Jo 5:16-18).
Logo, para nós cristãos, as leis morais e espirituais dadas por Deus, no Antigo Testamento, e que foram valiadas no Novo Testamento, permanecem como o concerto eterno entre Deus e o homem, a ser obedecido por todos os homens até o ultimo dia de vida, na terra, quando terá inicio o sábado eterno ou descanso eterno (Hb 4:8-11; Êx 16:17). O sábado, então, deverá ser guardado como foi instituído por deus, quer por judeu, quer por gentio; quer por israelita, quer por grego, como dia de santas convocações (Lv 23:2).
No dia de sábado, paremos com nossos trabalhos seculares; nesse dia santo, nossas palavras e atividades devem ser substituídas pela oração, pela leitura da palavra de Deus, pela frequência à casa do senhor (Sl 42:4), pelos cânticos de adoração, pelos louvores, pelo atendimento à obra de deus e pelo bem-estar espiritual de nossos semelhantes.
Vivamos a fé cristã com essas qualidades, certos de que todo cristão sincero é israelita ou judeu no seu interior, pois pela fé que nos vem de Jesus Cristo, não é judeu o que o é exteriormente (…) mas é judeu o que é no seu interior (…) porque primeiramente as palavras de deus lhes forma confirmadas (Rm 2:28, 29; 3:2).

CONCLUSÃO:
Amado irmão em cristo, Deus não faz distinção de pessoa, de povo ou nação que ele se achegue. A todos deus recebe de braços abertos, como um bom pai. É neste sentido que suas maravilhosas leis são dadas a todos. Assim é que o sábado não foi dado somente aos judeus, que guardava os preceitos do Senhor, mas todos os povos, nações formadas por pessoas salvas por seu filho Jesus Cristo.
O mal dos judeus foi que eles criaram para si próprios, princípios que Deus não aprova, e se voltaram para as coisas perecíveis. Por ultimo, rejeitaram ao Senhor da Glória, sem o qual ninguém se salva. Em Oséias 4;6, lê-se: o meu povo foi destruído porque lhe faltou conhecimento.
Para que você não se perca, amado irmão, busque sempre em Deus o conhecimento de sua Palavra para que você seja um servo obediente.

ROMANOS 14:5
Esse texto afirma que não se faz diferença que dia é guardado como sábado?

TEXTO BÁSICO:
Um faz diferença entre dia e dia, mas o outro julga iguais todos os dias. Cada um esteja seguro em seu próprio ânimo. (Rm 14:5)

INTRODUÇÃO:
Como os demais textos bíblicos analisados nos estudos anteriores, Romanos 14:5 desfaz, de maneira definitiva e conclusiva, o conceito teológico de que o sábado é o dia de descanso obrigatório para os crentes, quer sejam judeus, quer sejam gentios. Interpretam a expressão: um faz diferença entre dia e dia, mas outro julga iguais todos os dias, da seguinte maneira: o crente que faz diferença entre dia e dia tinha se convertido do judaísmo para o Cristianismo, mas, ainda assim, apegava-se firmemente as inúmeras e pesadas tradições judaicas recebidas dos fariseus, inclusive a observância do sábado como dia de descanso. Mesmo ciente de que cristo substituirá o “sábado” pelo “domingo”, esse crente débil na fé continuava guardando o sétimo dia como especial e sagrado dia de descanso e adoração; não havia se libertado ainda dos ensinamentos legalistas herdados de seus antepassados .
O crente que julga iguais todos os dias tinha se convertido do paganismo para o Cristianismo. Ao contrário do “crente de origem judaica” o crente de origem gentílica tinha uma mente mais ampla e livre. Dede cedo, não estava obrigado a observar as minuciosas regrinhas cerimoniais judaicas, pois a igreja de Jerusalém judaicas, pois a igreja de Jerusalém decidira não atrapalhar ou perturbar os gentios que estavam se convertendo a Deus.
Aos cristãos gentios foi ordenado somente que se abstivessem das contaminações dos ídolos, bem como nas relações sexuais ilícitas, da carne de animais sufocados e do sangue. Ainda que tais observâncias não fossem necessárias para alcançar salvação, eram fundamentais para manter a comunhão com os cristãos judeus, que possuíam uma consciência extremamente austera e rigorosa quanto a estas questões.
A principal alegação dos que são contrários à observância do sétimo dia como dia de descanso e adoração, instituído por Deus para os cristãos de hoje, é que os apóstolos não mencionaram o sábado nas recomendações feitas às igrejas gentílicas e, ainda que o próprio Paulo, o apóstolo dos gentios, que escreveu as igrejas gentílicas, nunca disse alguma coisa sobre a necessidade de se observar o descanso no sétimo dia da semana.
Por estas razões, essas pessoas concluem que os cristãos de hoje não precisam considerar qualquer dia especial, pois todos os dias são sagrados, e que não faz diferença qual dia é guardado como sábado. Seria esta maneira correta de se interpretar Rm 14:5? Não faz mesmo diferença qual dia é guardado como sábado? Todos os dias são iguais?

A INTERPRETAÇÃO CORRETA
Como temos vistos, todos os textos bíblicos estão relacionados diretamente com seu contexto temático e com o contexto imediato. Neste caso especial, o escritor do texto de Rm 14:5, o apóstolo Paulo, é considerado para elucidar a questão. Deixemos que ele mesmo se apresente:
(Fui) circuncidado ao oitavo dia, da linhagem de israel, da tribo de Benjamim, hebreu de hebreus, quanto a lei, fariseu, quanto ao zelo, perseguidor da igreja, quanto a justiça que há na lei, irrepreensível. (Fp 3:5-6).
Em outros textos, Paulo segue a mesma linha. Em At 22:3, ele afirma:
Eu sou judeu, nasci em tarso da Cilicia, mas criei-me nesta cidade e aqui fui instruído aos pés de Gamaliel, segundo a exatidão da lei de nossos antepassados, sendo zeloso para com Deus, assim como todos vós o sois no dia de hoje.
É interessante observar que Paulo era de família judaica, zelava pelas tradições , servia a deus com consciência pura, crendo em tudo que estava escrito na lei e nos profetas – isto já no fim da vida, quando estava sendo interrogado, antes de sua prisão em roma – e continuava guardando os mandamentos de deus. Paulo frequentava a sinagoga aos sábados (At 13:42-44, 16:13, 17:2, 18:4).
Pelo que vimos a conversão de Paulo não se deu dos ídolos mudos para o verdadeiro (I Ts 1:19, I Co 12:2), mas de uma compreensão errada acerca de Jesus Cristo para uma compreensão correta (Gl 12:16). Quando se encontrou com Jesus, no caminho de Damasco, Deus continuou sendo o mesmo, mas sua compreensão mudou. As profecias messiânicas do Antigo Testamento cumpriram-se cabalmente em cristo e não em Israel. A partir de Jesus Cristo, tudo passou a ter sentido para o apóstolo, pois, no Senhor, a lei encontra seu verdadeiro sentido.
Se é assim, Paulo não perece incoerente em romanos 14:5? vamos ver o contexto. Em todo o contexto. De romanos 14:5, Paulo procura resolver a questão da intolerância. O que estava em jogo não era a lei, pois esta o apóstolo considerava prazerosa (Rm 7:22). Se ele estivesse se referindo à lei, não apelaria para a consciência, mas condenaria os errados, como fizera em relação a muitos outros assuntos. O que está em discussão é a observação de festividade de jejuns, de dias e de cerimônias judaicas (cf. Cl 2:16).
Para Paulo, as questões cerimoniais judaicas só se tornaram perigosas se comprometerem a essência do evangelho, como no caso dos gálatas. Lá, entre as igrejas da Galácia, como já vimos,
em lição anterior, muitos cristãos judeus estavam defendendo a c]necessidade da circuncisão, para se alcançar a salvação em Jesus. Qual foi a reação do apóstolo? Ele condenou energicamente os defensores dessa perversa doutrina judaica, anulada pelo definitivo sacrifício de Cristo (Gl 1:6-9).
O problema enfrentado na igreja dos romanos é diferente é discutível. Do que se tratava? Sobre questões, Keener comenta o seguinte: “O tempo de prática para festivais era assunto de tal importância no judaísmo que os grupo judeus diferentes desfaziam o companheirismo entre si por tal motivo.”
Nessa mesma linha, afirma Sttot: “Paulo desenvolve a seguinte ilustração entre fortes e fracos na fé: a guarda de dias sagrados, presumidamente os festivais judeus, sejam eles jejuns, sejam semanais, mensais ou anuais.”
Alguns crentes defendiam que os dias cerimoniais, os jejuns e as festividades judaicas deveriam ser guardados pelos crentes em cristo, em Cristo, em todos os lugares e em todas as épocas – estes, os fracos na fé -, enquanto outros não viam a necessidade de guardar os dias cerimoniais, os jejuns e as festividades judaicas, pois estas normas eram restritas ao estado Teocrático de Israel e perderam o sentido, após a morte de Cristo – estes eram os fortes na fé.
O apóstolo não entra no mérito da discussão; apenas aponta qual deve ser sua conduta de cada crente – quer seja fraco, quer seja forte na fé – para com o seu irmão. O primeiro principio ´q que nem o forte, nem o fraco na fé deveriam julgar um ao outro, mas deveriam acolher-se de maneira amorosa, tolerante e receptiva. Aquele a favor de quem Cristo morreu não deveria ser tratado com julgamento, menosprezo e preconceito.
Assim sendo, Romanos 14:5 não está liberando o ser humano para guardar qualquer dia como o sábado, mas está resolvendo as questões de intolerância entre grupos judeus e gentios, acerca de festividades cerimoniais e religiosas judaicas. Paulo afirma que estes assuntos não alteram o compromisso com Cristo, mas a intolerância com o próximo pode comprometer a salvação. Observe as seguintes considerações:

  1. Este texto não está se referindo ao sábado, o sétimo dia da semana, mas as festividades judaicas que poderiam ser realizadas, desde que não ferissem a consciência do irmão.
  2. O dia separado para adoração é o sétimo dia da semana (Gn 2:2-30;Êx 20:8-11).
  3. A intolerância e o desamor quebram o relacionamento com o próximo e comprometem a salvação.
  4. Somos salvos pela graça, refeitos em Cristo Jesus ara as boas obras (Ef 2:10).

Por tratar de festividades e sábados cerimoniais, Romanos 14:5 não está condenado a observação do sábado, o sétimo dia da semana, e não está dando a entender que houve qualquer mudança quanto a isso, nem poderia, uma vez que a Bíblia não mostra Jesus Cristo e os apóstolos fazendo menção dessa mudança, mas ao contrário, mostra-os observando o descanso no sétimo dia. Se considerarmos que João, o evangelista, morreu em torno de um ano 100d.C e, até sua morte, perseverou as doutrinas cristãs, incluindo o sábado, esta mudança é posterior à era apostólica.
A partir das evidências históricas, podemos afirmar, seguramente, que foi da tradição dos pais da igreja, e não da Bíblia, que se fundou esta falsa interpretação de que domingo foi considerado o dia do Senhor, defendia no século, passando pela idade média, pela reforma Protestante , até 1917, quando a igreja católica afirmou no cânone 1248 do código de Direito Canônico , que todos os fieis deveriam abster-se de trabalho servil no domingo. A Bíblia continua fazendo diferença entre os dias da semana, sendo que o dia de descanso é sem duvida , o sétimo dia.
Esse conceito de que não faz diferença qual dia é guardado como sábado, pois todos os dias são iguais, e de, que assim , é possível guardar o mandamento do senhor, é bastante citado e, hoje, defendido pela maioria dos cristãos. Mas é bom que entendemos que esse conceito não é moderno. Vejamos o que diz o pai da igreja Justino, o mártir , em 168 d.C “Eu desisto de guardar o sábado, pois todos os dias são iguais para o nosso Senhor, sendo dia de confissão de pecados.”
Antes de concluirmos, vale a pena fazermos uma ultima observação: na parte final do primeiro comentário vimos que aqueles que são contrários a guarda do sábado, o sétimo dia, perguntam: Se, de fato, os apóstolos guardaram e defendiam o sábado como dia de adoração a Deus, porque não o incluíram na listas de recomendações feitas para as igrejas gentílicas em At 15:20? se a ausência do quarto mandamento (Êx 20:8) significa autorização para o transgredir, como explicar a ausência dos demais mandamentos? Estaríamos igualmente liberados para lhes desobedecer?
Jesus Cristo e os Apóstolos não ab-rogaram a doutrina de sábado nem o transferiram para o domingo. Sendo assim, Rm 14:5 não está referendo ao sétimo dia. As únicas bases que servem aos defensores dessas falsas interpretações é a tradição dos pais da igreja e os cânones da igreja cristã e não a Bíblia. Vale lembrar que, para nós, a única regra de fé e prática é a inerrante Palavra de Deus, que é digna de completa confiança, porque provém de Deus que afirma: Não quebrarei o meu concerta, não alterei o que saiu dos meus lábios (Sl 89:34 – RC).

CONCLUSÃO
O texto de Rm 14:5 não fornece base para guardarmos qualquer dia como sábado, pois faz referência as festividades judaicas que não comprometem a fé. O conselho, para todos, é a tolerância em amor, pois todos comparecerão ante o tribunal de Cristo (Rm 14;10).
O dia do descanso amplamente defendido nas Escrituras Sagradas é sétimo dia da semana. Cabe-nos, como servos de Deus, com misericordia e tolerância, defender a verdade, como ensinou Paulo a Timóteo: Tendo cuidado de ti mesmo e da doutrina. Persevera nestas coisas; porque fazendo isto, te salvarás, tanto a ti mesmo quanto aos que te ouvem (I Tm 4:16).




MARCOS 16:9

Esse texto que a ressurreição de Cristo, alterou o dia de descanso ara o domingo?

TEXTO BÁSICO:
Havendo ele ressuscitado de manhã cedo no primeiro dia da semana, apareceu primeiro a Maria Madalena, da qual expelira sete demônios . (Mc 16:9)

INTRODUÇÃO:
Desde a lição de número seis, temos visto como alguns interpretes, no desejo de afirmarem que a salvação é pela maravilhosa graça de Deus, desnecessariamente tentam desqualificar a lei de Deus, e, para concretizarem esse intento, na maioria das vezes, isolam os textos de seus contextos, aplicando regras hermenêuticas que lhe sejam convenientes, a fim de obterem o resultado que mais lhe agrada.
Nessa postura, encontramos comentaristas bíblicos usando Marcos 16:9 para provar que a ressurreição de Jesus ocorreu no primeiro dia da semana e, com isso, ter um pretexto para justificar seu desvio histórico sobre o dia determinado para a guarda do quarto mandamento da lei de Deus. Porém, quando interpretamos Marcos 16:9, dentro de seu contexto, inevitavelmente, descobrimos que o Senhor Jesus não ressuscitou no primeiro dia da semana.

INTERPRETAÇÃO INCORRETA:
Quando lemos as explicações teológicas dos defensores da mudança do dia de descanso, percebemos o quanto eles forçam o texto sagrado até que obtenham um sentido que não corresponde ao que inspirado pelo Espirito Santo, o autor da bíblia. O texto que ora estudamos é um exemplo: afirma-se que o Senhor Jesus Cristo ressuscitou na manhã de domingo com a clara intenção de respaldar a guarda do dia como o dia do senhor ou novo dia de descanso para os cristãos.
O teólogo Champlin, por exemplo, tentando explicar esse texto, faz o seguinte comentário sobre o versiculo 2:
Alguns supõe que isso ocorrerá no sábado, mas a observação do “domingo” pela igreja primitiva, como o novo dia de guarda, quase certamente mostra que criam que o domingo fora, realmente o dia da ressurreição.
Observe os termos que Champlin utiliza para explicar questões tão sérias: “supõem”, “quase certamente” e “criam”. Em vez de apresentar argumentos biblicos, normativos, ele trabalha com suposições. Por sua vez, o teólogo Isaltino G.C. Filho, para provar que Cristo ressuscitou no domingo, usou como recurso a reunião de cristãos primitivos nesse dia, dizendo: “ A igreja reunia-se no domingo , é uma pista bem clara a deduzir daqui”. A exemplo do texto de Champlin, os termos usados aqui são “pistas” e “deduzir”. Isaltino não apresenta nenhuma prova bíblica normativa, concreta, mas, sim, agarra-se a pistas. Deduções, textos destrutivos e depoimentos históricos extrabíblicos.
Como podemos observar, o esforço empregado a favor do domingo como dia de descanso é quase sempre baseado em textos que se referem a ressurreição de Cristo, embora nenhum deles, exceto o de Mateus 28:1-6, declare o momento de ressurreição, e em textos que descrevem momentos em que os cristãos primitivos estavam reunidos. Portanto, afirmar que Jesus cristo ressuscitou no domingo e usar isso para provar que esse dia é o dia do descanso para os cristãos, demonstra, no minimo, falta de respeito para com as regras de interpretação da bíblia e do compromisso para com a verdade de Deus.

INTERPRETAÇAO CORRETA
Antes de apresentarmos a interpretação correta, é importante conhecermos a história do texto que faz parte da conclusão do capitulo 16. A explicação preferida dos teólogos liberais para Marcos 16:9 envolve uma acirrada discussão sobre a veracidade de manuscritos, como vemos no exemplo a seguir:
Os dois melhores e mais antigos manuscritos que conhecemos, o Vaticano (B) e o Sinaitico (representado as vezes por S, outras vezes pela letra hebraica alef) e os MS 304 omitem os versos 9-20. A evidencia do amnuscritos 2386 é inconclusiva, pis, além de omitir os versos 9-20, o manuscritos não contem a ultima página (…). O resultado dos estudos criticos mais recentes, aceito pela maioria dos estudiosos, é que os versos 9-20 não foram escritos pelo mesmo autor do evangelho, na seção que corresponde a Mar. 1:1-16.8, mas forma acrescentados, talvez nos meados do segundo século de nossa era.
Champlin registra que: Quatro términos do evangelho segundo Marcos figuram nos manuscritos. Os últimos doze versículos do texto comumente recibo de Marcos se fazem ausentes nos mais antigos manuscritos gregos.
Assim, seguem muitos teologos, afirmando que o trecho de Marcos 16:9-20 não foi escrito por Marcos. O que não pode ser negado, entretanto, é que Marcos 16:9-20 existe em mais de 1800 manuscritos. E, sobre esse trecho, a opinião do respeitado teologo Fritz Rienecker é importante: “Para a nossa vida de fé (…) os versiculos 9-20 são palavras de Deus como todos os outros versiculos da escritura, pois estão em nosso “NT”.
Agora, vamos à interpretação correta de Marcos 16:9. No original grego, o texto foi escrito assim:
( esta em grego na pag. 115)
A tradução revista e Atualizada – RA – traduz esse texto desta forma: Havendo ele ressuscitado de manhã cedo no primeiro dia da semana, apareceu primeiro Maria Madalena, da qual expelira sete demônios.
A edição contemporânea, por sua vez, traduz o texto assim: Tendo Jesus surgido de manhã cedo no primeiro dia da semana, apareceu primeiro a Maria Madalena, da qual tinha expulsado sete demônios.
A Nova tradução na linguagem de Hoje – NTLH – o texto esta traduzido desta maneira: Jesus ressuscitou no domingo bem cedo e apareceu primeiro a Maria Madalena, de quem havia expulsado sete demônios.
Com base nas traduções, Jesus teria ressuscitado no domingo pela manhã. Mas a questão é: Essas traduções expressam o que está no dito original grego? A resposta é: Não! No original, o inicio do versiculo esta escrito assim: …..... (esta na pa 116 em grego).... (a tradução literal é esta: Tendo-se levantado, porém, cedo em primeiro sábado...). Perceba, estudante, que as traduções tradicionais omitiram a conjunção … (dé), de que equivale a conjunção adversativa, porém da língua portuguesa. No grego, o termo ….. é uma conjunção adversativa também pode ser aditiva, dependendo da oração.
Quando são adversativas, como neste caso, as conjunções tem como função, além de ligar duas sentenças, afirmar uma divergência de sentido da segunda sentença em relação a primeira, ou seja, aquela se estabelece para ser uma negação desta, por meio da conjunção, que carrega o sentido da segunda sentença em relação a primeira, ou seja, aquela que se estabelece para ser uma negação desta, por meio da conjunção, que carrega o sentido de contrariedade e que, por isso, é chamada de adversativa.
Ora, no texto bíblico em questão, a primeira sentença – tendo-se levantado – apresenta um primeiro evento: a ressurreição e Jesus, sendo seguida da conjução – porém- e da expressão adverbial de tempo – cedo em primeiro do sábado -, que é uma informação acrescentada à segunda sentença – apareceu primeiro a Maria, a Madalena -, que apresenta um segundo evento: a aparição do senhor.
O que precisamos entender, agora, é por que a expressão adverbial de tempo – cedo em primeiro do sábado – está para a segunda sentença e não para a primeira: A preferência do escritor por uma conjunção adversativa, entre ambas as sentenças, é definitiva para a interpretação correta deste texto, pois mostra que ambos os eventos estão em relação de oposição quanto ao momento de sua ocorrência, sendo que a conjunção adversativa – porém – afeta especificamente a primeira sentença – tendo-se levantado.
Isso deixa bem claro que o autor, ao invés de estar afirmando que a ressurreição ocorrerá em cedo em primeiro do sábado, está, na verdade, negando isso e, ao mesmo tempo, afirmando que esse momento refere-se ao evento da aparição. Por essa razão, a expressão adverbial de tempo jamais poderia estar para a primeira sentença.
Em outras palavras, na primeira parte de Marcos 16:9, está afirmando que jessu ressuscitou; porém, estando ressurreto, no primeiro dia após o sábado, apareceu a Maria Madalena. O “primeiro dia após o sábado”, portanto, refere-se ao seu aparecimento e não o dia da sua ressurreição.
Com isso, concorda Champlin: “Este versiculo leva-nos a aparição a Maria Madalena, o que nã é realmente mencionado nos evangelhos sinóticos, exceto agora, neste sumário.”
Também, o Novo Comentário da Biblia diz que o trecho contém quatro seções: a aparição a Maria Madalena (9-11); a aparição aos quais dois viajantes (12 e 13) a aparição aos onze (14-18), a ascensão e exaltação (19 e 20).
Em nenhuma dessas sessões o assunto é a ressurreição de cristo no primeiro dia da semana.
Esses equívocos de traduções acontecem, em parte, porque a pontuação, nos textos da Biblia, é atribuída ao arcebispo Langton, ainda no século XIII. Assim, quando o texto foi escrito originalmente, não continha nenhuma pontuação. Isso quer dizer que seu sentido deve ser sempre entendido pelo contexto. As traduções mais conhecidas colocam uma virgula após as palavras “primeiro dia da semana”, e, por essa razão, dão a entender, erroneamente, que foi nesse dia que Jesus ressuscitou. Em outra parte, percebe-se a má-fé de pessoas que conhecem as regras de interpretação das Escrituras, mas que preferem ignorá-las, quando lhe convém.
Por outro lado, o Novo testamento interlinear apresenta a tradução correta: tendo-se levantado, porém, cedo em primeiro do sábado, apareceu primeiramente a Maria, a Madalena, de quem havia lançado dora sete demônios.
A versão Internacional omite o porém, mas tem o mérito de colocar a virgula no lugar certo, respeitando o sentido correto do texto original: Quando jesus ressuscitou, na madrugada do primeiro dia da semana, apareceu primeiramente a Maria Madalena.
Em versões honestas estão em total harmonia com o contexto imediato de Marcos 16, em que os versiculos 1,2,5,6 informam que, no domingo, pela manha, quando as mulheres foram no sepulcro , bem cedo, o anjo lhes comunicou que Jesus já havia ressuscitado:
Depois que terminou o sábado, Maria Madalena, Salomé e Maria, a mãe de tiago, compraram perfumes para perfumar o corpo de Jesus. No domingo, bem cedo, ao nascer do sol, elas foram ao tumulo. Então elas entraram no tumulo e viram um moço vestido de branco sentado no lado direito. Elas ficaram muito assustadas, mas ela disse: - Não se assustem! Sei que você estão procurando Jesus de Nazaré, que foi crucificado, mas ele não está aqui, pois já foi ressuscitado. Vejam o lugar onde ele foi posto. (NTLH).
Essa interpretação correta está totalmente alinhada com as narrativas dos demais evangelistas, Mateus e Lucas (Mt 28;1-6; Lc 24:1-10), e com a narrativa mais detalhadas de João (20:1-8), que tem a seguinte sequncia: No v. 1 Cristo se apresenta a Maria Madalena no sepulcro, bem cedo, no v. 2 é dito que ela correu e foi avisar os discipulos, nos vv. 3-9 Pedro e João vão, imediatamente, ao sepulcro e confirmam a noticia, mas não vêem a cristo; por isso, o v.10 diz: Os discipulos voltaram para casa. Maria, porém, ficou a entrada do sepulcro chorando.
Ela ficou ali sozinha, até que Jesus Cristo se apresentou a ela (vv. 11-17). Foi exatamente, esse encontro que marcos se referiu em 16:9. como Pedro e João só viram o tumulo vazio, Maria Madalena, agora já tendo se encontrado pessoalmente com o salvador, foi outra vez ao disicpulos e lhes disse: Eu vi o Senhor; e contou-lhes o que lhe dissera (Jo 20:18).
Esta é, amado estudante, a verdadeira interpretação de Marcos 16:9: Jesus ressuscitou, conforme Mateus 28:1-6, ao pôr-do-sol de sábado, e, quando Madalena Maria Madalena foi ao sepulcro, na manhã do primeiro dia, la foi Jesus ressuscitou no domingo de manhã, e muito menos de que o domingo seja o dia de repouso dos cristãos.


CONCLUSÃO
Vivemos um momento delicado no mundo cristão, em que muitas teologias tem aparecido para enganar os filhos de deus. O perigo é tão grande que o próprio Jesus avisou que, se possível, os eleitos seriam enganados (Mt 24:24).
Diante dessa avalanche de heresias e enganos, precisamos nos firmar em Cristo, através do conhecimento perfeito de sua Palavra. Essa luz nos dará condições para nos livrarmos das trevas espirituais que cobrem os corações enganadores e enganados. A verdade é essa luz que ilumina o caminho da vida (Pv 6:23).
Por essa razão, reafirmamos nossa atitude de não alterarmos os fundamentos da lei de Deus, porque é santa; e o mandamento santo e justo , e bom (Rm 7:12). Na lei nos dez mandamentos, o dia do descanso não é domingo, mas, sim, o sétimo dia da semana. Não se trata de um decreto humano, mas divino: “a parte legal consiste dos dez mandamentos que formam a lei fundamental de teocracia e dos estatutos que nele se baseiam.”
O doador dos dez mandamentos é Deus. Moisés é a penas o transmissor ao povo. Não o seu autor. Este é Deus.
II CORÍNTIOS 3:14
Esse texto ensina que os livros do Antigo Testamento foram abolidos por Cristo?

TEXTO BÁSICO:
Mas os sentidos deles se embotaram. Pois até o dia de hoje, quando fazem a leitura da antiga aliança, o mesmo véu permanece, não lhes sendo revelado que, em Cristo é removido. (II Cor. 3:14))

INTRODUÇÃO:
Nos treze estudos anteriores, aprendemos que os textos, seja um versículo, um capítulo ou um livro, sempre devem ser interpretados à luz do seu contexto, a fim de que a verdade da Bíblia, não a nossa, prevaleça.
Neste ultimo capítulo desta série, usaremos esta regra interpretativas para que possamos compreender o ensino apresentado pelo apóstolo Paulo, em II Cor. 3:14. Esse texto nos dá a oportunidade de refletirmos sobre os pontos principais que distinguem o Antigo Testamento do Novo Testamento ou a Antiga Aliança. A questão a ser respondida é esta: O fato de Deus ter feito uma nova aliança com seu povo anula o conteúdo da velha aliança?

INTERPRETAÇÃO INCORRETA:
Muitos cristãos argumentam que o Antigo Testamento caducou, isto é, perdeu sua validade como Palavra de Deus. Esses irmãos compreendem que o conteúdo do Antigo Testamento expressa a antiga aliança que Deus fez com o povo judeu, mas que perdeu seu valor, em razão de esse povo não ter cumprimento da sua parte no acordo, o que fez com que o Senhor realizasse uma nova aliança, tornando a outra sem efeito algum. Desta forma, os filhos da nova aliança, feita por Jesus Cristo, na cruz, devem ignorar os preceitos do Antigo Testamento e moldar sua vida pelos preceitos da nova aliança, expressos no Novo Testamento.
As palavras de Paulo, em II Cor. 3:14, são utilizadas para provar que o Antigo Testamento passou e que os que crêem nele não perceberam isso, porque seus entendimentos estão embotados, isto é, eles lêem e acreditam na antiga aliança, mas não a compreendem, porque uma espécie de véu encobre-lhes o entendimento,pelo fato de não entenderem o verdadeiro sentido espiritual da obra de cristo. Os que interpretam IICor. 3:14 dessa forma usam, ainda II Cor. 4:3-4 para afirmar que os cristãos que crêem no Antigo Testamento com a palavra de Deus estão com suas mentes endurecidas pelo diabo.

INTERPRETAÇÃO CORRETA:
Em primeiro lugar, é importante verificarmos o propósito geral da segunda carta aos Cor.: expressar a alegria pela reação favorável da igreja ao ministério de Paulo (vv. 1-7), relembrar aos irmãos o compromisso que deveriam ter para com as ofertas aos irmãos da judéia (8-9) e defender a autoridade apostólica de Paulo (vv 10-13). Quando o apóstolo começou a se referir aos pormenores sobre sua pessoa (4:8-18, 11:22-33), especificou algumas caracteristicas de seu apostolado, enfatizando que a base de sua pregação é a nova aliança feita por Jesus Cristo, na cruz (II Cor. 3:4-18). Para mostrar a superioridade da nova aliança, quanto a sua eficácia para a salvação dos pecadores, inevitavelmente, Paulo teve de compará-la a antiga aliança. Ao fazer essa comparação, o apostolo jamais ensinou que o conteúdo do Antigo testamento perdeu a sua força como palavra de Deus..
Que a Bíblia o apóstolo Paulo usava para pregar sobre nova aliança? Como não havia o Novo Testamento, o apóstolo pregava sobre a nova aliança baseado na velha aliança. O Antigo Testamento. Leia os textos a seguir para comprovar isso:At. 28:25, 13:16-41, 15:15-18, 17:22-31, 24:14-16, 26:6-23, Rm 1:17, 13:9, 16:26, I Cor. 9:9, 14:21, 15:45; Gl 4:22,27; Ef 6:2,9:13, 10:15, 11:26. Ora, se Paulo tivesse dito, em II Cor. 4:13, que a nova aliança havia anulado o conteúdo durante todo tempo de seu ministério apostólico, afirmando que o Antigo Testamento é a Palavra de Deus. É verdade que:
O velho Testamento não se tornou Novo Testamento (as duas alianças não podem ser confundidas), mas tornou-se um Velho Testamento para Paulo.”
Sabendo que Paulo tinha como base de sua fé o Antigo Testamento e que foi o homem mais usado pelo Espirito Santo para escrever e explicar o real sentido da nova aliança, o que está ensinando em II Cor. 3:14?
No contexto imediato deste texto, vemos que Paulo estava sendo acusado por judeus opositores, membros da igreja em Corinto, de pregar uma nova versão para a revelação de Deus, já que estava escrita no Antigo Testamento, de forma que esses opositores acusavam o apóstolo de obscurecer o que estava claro nos escritos de Moises e dos profetas. A essa acusação respondeu da seguinte forma:
… Pelo contrário, rejeitamos, as coisas que, por vergonha, se ocultam, não andando com astúcia, nem adulterando a palavra de deus; antes, nos recomendamos à consciência de todo homem, na presença de deus, pela manifestação de verdade (II Co 4:2-3).
Ele disse isso para melhor esclarecer o que no capitulo 3, quando iniciou o debate sobre a nova aliança, tema que, para esses líderes acusadores, era algo incompreensível, devido à visão estreita que tinha no Antigo testamento, o que os impedia de ver que a velha aliança apontava para a nova aliança. Por isso Paulo lhes disse:
… se o nosso evangelho ainda está encoberto, é para os que se perdem que está encoberto, nos quais o deus deste século cegou o entendimento dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de cristo, a qual a imagem de Deus. (II Cor. 4:4-5)
Incrédulos! Essa é a definição do apóstolo para os judeus que liam o Antigo Testamento e não enxergavam que as profecias ali contidas apontavam para Cristo, o protagonista da nova aliança.
Paulo mostrou que ler a antiga aliança e não ver nela a graça de Deus, não enxerga nela as promessas divinas de fazer um novo o concerto com seu povo, através de uma nova aliança (Jr 31:31; Ez. 11:19), é estar sob a influência do deus deste século. Os judeus opositores de Paulo resistiam a essa verdade, assim como os judeus opositores de cristo lhes resistiam, o que levou Jesus a lhes dizer: Vós sois diabo, que é vosso pai, e quereis satisfazer-lhes os desejos. Ele foi homicida desde o principio e jamais se firmou na verdade, porque nele não ha verdade, de cegueira espiritual, de insistencia em não enxergar a verdade prescritas no Antigo testamento, é que Paulo declara: Mas os sentidos se embotaram. Pois até ao dia de hoje, quando fazem a leitura da antiga aliança, o mesmo véu permanecem, não lhes sendo revelado que, em cristo é removido.
O que Paulo está atacando é a incapacidade espiritual ou a dureza de coração de seus opositores, e não o conteúdo dos livros do Antigo testamento. Eles liam a antiga aliança, mas não enxergavam que Jesus era o cumprimento dela, como ele próprio declara: São estas as palavras que eu vos falei, estando ainda convosco: importava se cumprisse tudo o que de mim está escrito na Lei de Moisés, nos profetas e nos Salmos (Lc 24:44).
Para que seus opositores fossem iluminados e compreendesse a função da antiga e da nova aliança, e se fossem definitivamente libertos, Paulo fez uma comparação entre a pregação de Moisés (o escritor das santas leis divinas) e ele próprio (o escritor da graça divina). O primeiro é representante da aliança da letra, que mata (porque mostra os pecados cujo salário é a morte), mas , ao mesmo tempo, é gloriosa, segundo é representante da aliança do espirito, que vivifica, e por isso, é ainda mais gloriosa . Leia II Cor. 3:6-11 para compreender como Paulo considera superior a nova aliança feita por Cristo (sem ela, o ser humano não será salvo), mas o faz sem desmerecer a antiga, declarando que esta se revestiu de gloria. Esta mesma questão Paulo esclareceu aos cristãos de Roma (Rm 11:7-12).
Até aquele momento em que Paulo escrevia os escritos de Moisés eram lidos, mas o véu da incredulidade, da falta de iluminação espiritual, impedia que a verdade lhes entrasse no coração (II Cor. 3:15. Em seguida , o apostolo diz que: Quando, porém, algum deles se converte ao Senhor, o véu lhe é retirado (II Cor. 3:16), mas essa conversão só aconteceu porque o espirito santo agiu, libertando-os: ora, o Senhor é o Espirito; e, onde está o Espirito do Senhor , aí há liberdade (II Cor. 3:17 – cf Jo 16:7-8) Agora, libertos,
… todos nós, como desvendados contemplando, como por espelho, a glória do senhor, somos transformados, de glória em glória, na sua própria imagem, como pelo Senhor, o espirito. (II Cor. 3:18)
Paulo, portanto, em II Cor 3:14, não ataca os livros do Antigo testamento, mas enaltece a eficácia salvífica da mui gloriosa nova aliança, prescritas na gloriosa antiga aliança, deixando claro que a função do novo acordo, feito na cruz , por cristo, não é inutilizar a palavra de Deus, mas promover a remissão de pecados e conduzir os salvos a vida eterna (I Cor. 11:25; II Cor. 3:16 – cf Mt 26:28; Mc 14:24; Hb 9:15, 12:24).


CONCLUSÃO
Muitas pessoas se dirigem ao Antigo Testamento com palavras depreciativa e desrespeitosas. Todavia, essa não é uma atitude prudente, visto que, o Novo Testamento, referindo-se ao Antigo Testamento.
Toda a escritura é inspirada por deus e util para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeitamente habilitado para toda boa obra. (II Tm 3:16-17)
Toda a escritura é inspirada, até mesmo as partes que o Novo Testamento declara serem “sombras” da nova aliança, como nos casos das leis que regiam os transitórios sacrificios de animais. Por serem palavras de Deus, não podem ser descartadas, visto que são uteis para nos ajudar a compreender as verdades permanentes.
Sigamos o exemplo do protagonista da nova aliança, o Senhor Jesus Cristo, que, ensinando coma Bíblia de seu tempo, o Antigo Testamento, declarou:
Tudo quanto, pois, quereis que os homens vos façam, assim fazei-os vós também a eles; porque esta é a Lei e os profetas. Deste dois mandamentos, dependem toda a lei e os profetas. Examinai as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna, e são elas mesmas que testificam de mim. (Mt 7:12; 22:40; Jo 5:39 – grifo nosso)


Conteúdo extraído das lições bíblicas SÁBADO,
Igreja Adventista da Promessa.